sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Pai e filha

** Coluna publicada no Jornal Diário do Meio Oeste do dia 11/08/2012. **



Ouvindo: Stairway to Heaven do Led Zeppelin.

            Presentear o pai é mais fácil do que a mãe. Fui visitar meu velho na semana passada e levar minha filha para conhecê-lo. Ela olhou para um lado, para o outro. Sentimos o vento frio que percorria as ruelas do lugar. Por dentro, emocionei-me ao vê-lo outra vez. Mesmo que apenas sua foto na lápide, mas fiz questão de conversar com ele e apresentar a neta. O Dia dos Pais já não é o mesmo. Neste já sou pai; pai e filho.

            Foi meu presente, meu sorriso para o rosto dele. É cedo ainda, mas não poderia deixar de dar um “Oi, pai!” e apresentar a minha filha. Tenho certeza que, de onde está, sorriu. Não seria um corpo que separaria meu sentimento. Onde o meu velho está, deve estar feliz. Caso esteja errado, deve estar esculhambando o céu com as piadas sem graça ou dando trabalho para o “coisa ruim”. Mas parado o cara não está.

            A mãe nós a temos como imagem presente, já o pai na necessidade da força e da brincadeira. Ambos têm fundamental importância: sem um não haveria nós e sem o nós não haveria vida. O braço forte do velho já não me suporta mais, mas a lembrança do que foi me conforta. Entristece, mas conforta. Já não adianta reclamar ou lamentar o que foi, mas maravilhar-se com o que chegou.

            E chegou meu dia de emoção. Estou ansioso em saber o que ganharei de presente. Ganhei meu primeiro presente do dia dos velhos na segunda, na escola. Soa bobo, mas foi divino ver as imagens da minha filha no telão da escola, com outros bobos ao lado. Era para os pais, mas as mães estavam lá. Elas sempre estão. Metidas, sempre estão onde as crias estão. Furtam a atenção. Mesmo assim, amei.

            O meu rico tesourinho “se apresentou” divinamente. No colo da mãe ou na imagem fotográfica estava linda. É minha filha, minha maior traquinagem, meu maior tesouro. Neste Dia dos Pais, quero defender os futuros pais que, como eu, gostariam de ficar mais perto dos filhos. Defendo a ideia da licença paternidade de três mês, aos ínfimos três dias atuais. É muito pouco tempo. Explico.



            Um dia e pouco ficamos no hospital. Chegamos em casa. Mais um dia e pouco perdidos em casa e já voltamos ao trabalho. Sobra para mãe, sogra, nora, prima, cunhada ajudar nos primeiros dias com a mulher e a criança. Somos substituíveis. E não deveríamos ter esta sensação. A mãe precisa de ajuda, muito mais do que quando estava gestando. O pós-filho é muito mais importante do que o pré-filho.

            O pai precisa ajudar a cuidar do bebê, arrumar a casa, lavar louças e roupas, varrer o chão, correr no supermercado ou farmácia, fazer comida para a mãe/mulher, atender a porta, fazer sala para as visitas, passar o café, preparar o chimarrão. Mas sabe por que o pai não faz isso? Porque está trabalhando. Não pode ajudar a mãe no momento em que ela mais precisa, pois está na rua.

            O parlamentar que criou os três dias era apenas filho e não queria ser pai. Criou a tão merecida licença para a mãe, mas esqueceu da importância do pai. Quem sabe naquela época o pai não cuidava ou trocava fraldas. Deixava apenas a mulher fazer. O pai moderno faz isso e muito mais. Caso não o faz, deveria. Pai deve estar ajudando e não atrapalhando nesta importante fase.

            Tem pai que não é nem filho. Pai tem de estar junto do filho, ajudar. Pode não estar junto da mãe, mas o filho tem de sentir a presença do pai. A mãe deve permitir este momento ao pai que quer ser pai. Pode não querer ser companheiro, mas ser pai deve. Pai não é marido, nem namorado. Pai é quem cuida do filho. E isso o pai deve fazer. Ser namorado ou marido? Bom, esta conversa é outra.

Ouvindo: Nothing Else Matters do Metallica. 

domingo, 18 de novembro de 2012

Na maior traquinagem


*** Coluna publicada no Jornal Diário do Meio Oeste, dia 04 de agosto de 2012. ***


Ouvindo: Hey Hey My My do La Renga.

            A tristeza das palavras podem não ecoar na reflexão subjetiva dos poemas de Manuel Bandeira, mas as lembranças exploradas pelo professor carioca no século passado trazem um sentimento de angústia. As recordações de outrora retomam o caminho em meio ao turbilhão de desejos que existem. Uma rápida passagem por um lado atinge outro tão longínquo. Os restos das lembranças reavivam o saudosismo, d´alguns anseios de retornar ao que em outra época foi interessante.

            Não quero inventar situações, tampouco gerar insinuações. Sonho em fechar os olhos e ver uma luz correr por entre as festas de uma porta entreaberta. A luz que não perpassa o sentido visual, mas resplandece sobre a curiosidade do que poderia ter ocorrido diferente. E se... ? Os olhos permanecem nublados sobre a névoa gélida que cruza um mar de recordações. Carregar um corpo para onde não desejar seguir, alimentar-se de uma esperança nebulosa. E se... ?


            As perguntas geram outras. Gerarão hipóteses e possibilidades capciosas. Não para induzir aos variados entendimentos, mas para não proporcionar. Para imaginar, fechar os olhos e recordar. O tempo passa como um avião supersônico. Ouve-se o barulho depois de já ter cruzado. O tempo não tem velocidade. Corremos na direção do relógio quando jovens, e tentamos fugir quando mais velhos. Quando temo 15 queremos que os 18 cheguem rapidamente. Aos 20 já queríamos os 25 pela mulher mais velha.



            Chega aos 30 e queremos voltar aos 25. Não, não!! Aos 20. Aos 20 está de bom tamanho. A voz esganiçada já sumira, a barba enche o rosto e a lâmina já se gasta com a terceira passada. Aquela barba mal feita já atrai a atenção da vizinha da frente, a calça rasgada faz parte da primeira fileira do roupeiro e os sonhos flutuam aos quatro ventos. Os sonhos permeiam os pensamentos até que chega a mãe e desliga o rádio. Recolhe o copo de refrigerante sujo e pede para recolher as meias do chão.

            Como é bom olhar para o passado e ver quantas bobagens foram feitas. As traquinagens de poucos anos antes causam sorrisos escamoteados, aqueles de canto de boca. Um sorriso com desejo de repeteco. O tempo passou e as velhas gafes não voltam. Não como foram praticadas. Os dias passaram e as traquinagens já se transformaram em crimes, em safadezas, em situações que envolveram outras pessoas. O pai já não é mais chamado, tampouco a mãe. E se... ? Socorro!

            Não dá para voltar ao passado como na entrada perdida da marginal. Mesmo assim, o retorno causa a perda do tão temido e precioso tempo. Estes retornos causam prejuízos. Aqueles instantes de antes já se foram; sumiram em meio aos desatentos, desalentos, devaneios; desvio.  Quanto mudaria um retorno? Do que há neste agora, no passado teria a mesma validade? A importância dada neste agora poderia ser a mesma da traquinagem do passado? O ser de agora é demais importante.

            Tento imaginar como seriam meus dias sem o ser que transformou minha vida. Cerro minha visão, para inibir a entrada de luz, e tento, sem sucesso, imaginar. Não consigo. Um ser tão pequenino mudou minha vida, minha concepção de vida, minha visão sobre a vida, o som da minha vida. Minha vida é muito mais rock and roll hoje do que foi no passado. A minha filha é a banda mais importante da minha vida. A minha melhor e mais bem feita traquinagem. Neste caso, não existe o “e se... ?”

Ouvindo: She do Kiss. 

sábado, 3 de novembro de 2012

A cerveja


** Coluna publicada no Jornal Diário do Meio Oeste - dia 29 de julho de 2012. **

Ouvindo: Seven Nation Army do The White Stripes.

Garçom, traz uma cerveja. Qual? Qualquer uma. Ah! Mas esta não tem. Então, caramba, traz aquela que tiver que você preferir. Mas, senhor, a que eu gosto não temos. Então traga para eu beber aquela que você não gosta. Mas gosto de todas, senhor. Apenas quero uma cerveja, garçom. Não sou garçom, senhor. Mas então quem é você? Sou atendente de balcão. É você quem serve a cerveja para os clientes? Sim, sou eu, senhor. Mas então qual a diferença para o garçom? Nenhuma, senhor.

Olá companheiro, vem sempre aqui? É a primeira vez. E de onde você me conhece? De lugar nenhum, parceiro. Nunca o vi antes. Mas qual a intimidade que dei para você me chamar de companheiro? Nenhum, amigão. Está de sacanagem para cima de mim? Claro que não, somos quase irmãos. Mas nem conheço você, tampouco o vi antes. Frequento todo o dia aqui e notei que conversava com o garçom. Somos quase irmãos aqui no bar. Amigo de um é amigo de todos. Só não dividimos mulher.

Quem é aquela mulher naquele canto? Você pergunta para que eu responda? Claro. Caso não quisesse resposta eu não perguntaria. Ah! Melhor assim. Então? Então o quê? Vai responder? Mas responder o quê? Nada. Esquece. Mas agora não consigo esquecer. Mas se não quisesse nada por qual motivo perguntou? Para ouvir a resposta, ora bolas! Mas que resposta? Da pergunta que o fiz. Ah! Sobre a resposta. Isso, da pergunta. Mas qual era a pergunta?

Mas quantos  mas. Cansei dos  mas. Quero uma resposta. Mas qual a pergunta? Qualquer uma, mas responda. Mas como responderei se não sei qual a pergunta. Quer saber sobre os dias que recolhem o lixo aqui na rua? Não, isso não. Mas então o que o senhor deseja? Quem era a mulher daquela mesa no canto? Qual mesa do canto? Aquela que tem a mulher sentada. Mas não tem mulher no canto. No outro canto, garçom. Mas ela foi embora, senhor.

Estão falando sobre qual assunto, amigão? Não sou seu amigo. Mas agora somos. Nunca o vi antes. Mas já conversamos antes. Quando? Antes, quando cheguei. Isso significa que somos amigos? Claro. Desde quando? Desde antes. Mas quando antes? Na hora que cheguei. Você chegou faz pouco. Sim, eu sei. Sabe do quê? Quando cheguei. Mas e por que veio aqui? Sempre venho aqui. Fazer o quê? Ver os amigos. Mas não sou seu amigo. Agora somos. Somos o que, parceiro? Viu? Ah!!!

Mas garçom, desculpa, atendente, quem era aquela mulher sentada no canto? Qual mulher? Aquela, sentada na mesa do canto, e que foi embora? Não vi, senhor. Mas por que não falou antes? Antes quando, senhor? Antes de ela ir embora. Mas não a vi indo embora. Ela já veio antes? Sim. Quando? Pouco antes de o senhor chegar. Mas antes disso ela já veio aqui? Aqui onde o senhor está? Sim, aqui. Não, aqui não. Foi a primeira vez dela? Não. Não o quê? Ela vem sempre. Aqui? Não, na mesa do canto.

Conversam sobre o que meus companheiros? Sobre nada. Mas vi vocês conversando, amigão. Não sou seu companheiro. Então, amigo? Também não. Entendi, parceiro. Isso também não. Não o quê? Ah! Esquece? Mas tenho uma memória boa e não esqueço. Não esquece o quê? Tudo. Esquece tudo? Não esqueço nada. Sobre o que? Sobre o que conversavam. Nada de importante. Mas tudo que vem dos amigos é importante. Mas não sou seu amigo. Claro que somos. Ah!!!


Vou para casa. Tchau! Vai fazer o quê? Não importa. Claro que importa. Somos amigos. Não somos. O senhor quer ainda a cerveja? Que cerveja? Aquela que eu gosto. Perdi a vontade. Mas porquê? Você disse que não tem. Tem sim. Mas por que não disse antes? O senhor queria aquela que eu gosto, mas não tem. Mas você disse que tem. Tem cerveja sim. Mas então? Então o quê? Qual cerveja? Qualquer uma. Vou para casa ver minha filha. E a cerveja? Esquece. Mas ele não esquece. Esquecer do quê? Ah!!!

Ouvindo: Something In The Way do Nirvana. 

domingo, 7 de outubro de 2012

Ao futuro

** Coluna publicada no Diário do Meio Oeste - edição do sábado, 06 de outubro de 2012, véspera das eleições municipais. **


Ouvindo: Forever Changing do Renaissance.

            Pode parecer que é algo rápido, de pouca importância, a ser feito por obrigação, imposição de alguém. O dia de escolher quem nos representará não é sem importância. São estes que escolherão quase tudo que poderá, ou não, mudar onde vivemos. Escolheremos prefeito, vice e vereadores. Muitas pessoas se apresentam como “ateus da política”, pois são descrentes em razão de todo nosso passado. Concordo!

            Devem estar desconfiando até da sombra. Mas nada há o que fazer, a não ser pensar, refletir e tentar escolher os melhores. Nem sempre os bons ganham, como nem sempre os ruins perdem. É uma metáfora para externar algo que todo cidadão deve ter: a preocupação coletiva. O Brasil pode começar a mudar quando pensarmos no coletivo ao individual. Nem sempre acertaremos, mas o devemos tentar.

            A forma de arrependimento é pensar, mais claramente, amanhã. Tente recordar em quem votou no passado. Merece seu voto novamente? Então vote. Não merece? Então, não vote. Muito simples. Seja a primeira ou a décima vez do candidato, é a mesma coisa.  Seu voto vale o mesmo que o meu. E o meu voto tem um valor que ninguém consegue pagar. E o seu, quanto vale?

Devemos fazer a nossa parte e deixar que todas as instâncias da Justiça cumpram os deveres que a própria lei determinou. É um momento turbulento, caloroso, em que os nervos e anseios afloram. Mas, o desejo de todos, é que seja um domingo de paz, tranqüilo, calmo. Quem sabe um sol entre nuvens apareça, algumas pancadas de chuva. O seu trabalho, neste domingo, é sair de casa e escolher o nosso futuro.

Espero que você vote bem, pois o seu voto, junto do meu, decidirá o nosso futuro. Quando faço em nosso, estou pensando na minha vizinha, no meu vizinho, no bebê do outro lado da rua, do policial que está trabalhando, da médica de plantão, dos servidores incumbidos de fiscalizar o processo, do senhor de idade, da criança na escola, da minha filha. Ah! Aí que entra minha maior preocupação: minha filha.


Eis a prova do meu voto de hoje (07-10-2012) 





E é por este motivo que desejo que os melhores sejam eleitos pela maioria. Que seja feita a vontade do povo brasileiro. Quero que boas pessoas ocupem os lugares, pois desejo que minha terra seja boa de se viver, que minha filha possa crescer em um local bom, que a nossa comunidade seja agradável, se desenvolva e proporcione o que a nossa Constituição Federal determina. Sei que tudo não virá, mas um pouco já basta.

Decidir a nossa vida não é tarefa fácil. Mudar, muito menos! Imagine a ansiedade do ganhador da Mega Sena, aquele sujeito que faturou R$ 50 milhões, no domingo. Tente imaginar. Sabendo que tem de esperar a abertura do banco, na segunda-feira, para retirar o prêmio. Deve roer todas as unhas das mães e dos pés. Dormir?  Apenas com calmante ou muito chá de camomila.

A ansiedade bate. A angústia amedronta, causa pânico. A aflição pela definição aumenta. Mas o domingo passará. Quem sabe um pouco diferente dos anteriores, mas passará. Algum momento estes sentimentos atribulados cessarão. Desejo boa sorte para você, pois tivemos muitos dias para refletir. E espero que o faça de coração, pois saiba que muitas pessoas dependem de nosso trabalho, amanhã.

Ouvindo: We Can Run do Greatful Dead.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O tempo

** Coluna publicada na edição do dia 21 de julho de 2012 no Diário do Meio Oeste. **


Ouvindo: Time do Pink Floyd.

Quanto tempo o tempo tem? Alguns filósofos afirmam que são as pessoas que fazem o tempo. Cientistas atestam que o tempo é um cálculo controlado pelo Tempo Universal Coordenado, baseado na rotação da Terra e corrigido pelos relógios atômicos. Os dois relógios atômicos brasileiros usam Césio 133 e estão no Observatório Nacional, no Rio de Janeiro. O tempo, aqui, é diferente do tempo no Japão.

Aqui é dia, lá é noite. Caso for viajar, deve acertar o tal do relógio biológico. Leva uns dois dias até acertar os ponteiros brasileiros com os japoneses; não o relógio do pulso, mas o biológico. Durante a palestra da manhã você já estará bocejando. O tempo não espera ninguém. Ano passado éramos mais jovens; amanhã já seremos mais velhos. Piada? Quem sabe!

O tempo passa e não avisa. Não olhamos os sinais dizendo que o tempo está passando. Apenas notamos quando olhamos para o relógio. E quem não o tem? O tempo é importante para quem não se preocupa com o tempo? Provocação sobre a importância de alguns números em nossas vidas. Levei poucos meses para me preparar para algo que não era preparado havia 30 anos. Aliás, ainda estou despreparado. Rugas!

Passarão vidas até me preparar. Apenas a mãe se prepara. Ou o tempo a prepara? O tempo é vital e tem peso exacerbado sobre nossa existência. Temos tempo para tudo. O tempo modifica, corrompe, cria, destrói, desmonta, aflige, afeta, aterroriza. Quanto tempo eu tenho de tempo ainda? Não sei e nem quero saber. Calcular quanto tempo tenho é algo que nem quero saber. Receio o saber.

Faz um ano que começamos um projeto diário. O tempo era nosso inimigo (ainda o é). Mas conseguimos contornar os números a trazer o que você precisa tomar ciência. Dividia o tempo entre começar a me imaginar como pai e com a correria do dia a dia. Os ponteiros fugiam, se dispersavam no vácuo gerado pelo tempo. Tudo parava. Tal qual o “pause” no filme antes do beijo do casal sofrido. Beija ou não?

No fundo tudo tem o tempo. Temos o tempo sob nosso domínio ou não? Até porque o tempo é feito por nós. Somos nós quem o vivenciamos. E o tempo passado foi bom? Ah! Foi sim, senhor! Os últimos 12 meses do tempo foram divinamente bons, proveitosos, iluminados e rápidos. Rápidos? Passaram voando como a águia em busca da sua presa. Vupt!



Nem vi o tempo me acenar. Quando vi, era o tempo batendo na porta e avisando do aniversário. Queria correr, mas não dava. Ele persegue onde for. Nem dormindo ele desiste. Lá está o relógio a despertar o momento em que o tempo não tem importância, nos sonhos.  O segundo do sonho durou uma eternidade. Desgraçado do pedreiro que me acordou com marteladas no prédio vizinho! Tempo em que o tempo não existia.

            Este tempo é rejuvenescedor como minha filha assim o me fez. Por mais que o tempo tenha passado em minha vida, olho para o novo e o tempo se desfaz. É com o sorriso da minha pequenina que o tempo desiste de me perseguir e some como o vento pela noite gelada. Some e vai gelar o vizinho. Enquanto isso, o meu coração se aquece com o lindo tempo do sorriso e da sua gostosa voz.

Ouvindo: Blood Brothers do Iron Maiden.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Uma longa amizade


Ouvindo: Bohemian Rhapsody do Queen.

            Já sei qual seria minha maior frustração como um pai rocker. Mas tenho de tentar (sabendo que não conseguirei, tampouco farei esforço para isso) lidar com o que vier. Podem levar tudo embora, mas deixem meus grandes amigos por perto. São os únicos que estão sempre ali, perto, junto nos melhores e piores momentos. Várias foram as oportunidades em que recorri aos seus encantos e palavras para me serenar a alma.
            As vozes que ouvia em meu silêncio faziam-me rejuvenescer o espírito, quebrantar a mágoa, dividir a alegria e sorrir para o dia. Ainda não houve um gesto que me fizesse sentir a calmaria de um momento com meus amigos. Conheci-os muito cedo e ainda hoje preservo esta amizade, este pacto vital. Não me obrigaram a escolhas, pois não as me deram, muito menos as procurei.  

            O mundo oferece, todos os dias, oportunidade de conhecer outros amigos, mas recolhi-me aos meus velhos e inseparáveis companheiros de vida. Não os poderia trair. Trair esta confiança arrebataria oportunidades em que não quero vivenciar. O pouco que sou obrigado a suportar já extrapolou o sensato. Sabiam eles, antes mesmo de eu chegar ao mundo, que seria um amigo fiel e que poderiam contar com meu suporte.

            Alguns morreram nestes tempos. Nunca os lugares foram ocupados por outros. As cadeiras da mesa permanecerão vazias, como homenagem aos que foram; jamais serão esquecidos. A cada rodada são reverenciados, como revolucionários e como amigos. São aqueles que carregaram as mágoas e alegrias; nunca pediram nada. As palavras se fizeram verdadeiras ferramentas de inspiração.

            Alguns motivos da minha existência mudaram, mas nunca os amigos foram deixados de lado. Alguns entram e outros saem do trem. Os caminhos, em alguns casos, nunca mais se cruzarão. Contudo, meus velhos amigos sempre sabem onde estou e eu sei de onde eles estão. O velho lugar na mesa segue vago. Não para ser ocupado por outro, mas para se estender uma nova cadeira à mesa.

            Jamais ouvi um adeus. Apenas acenam e sinto o até logo. Eis que nunca os esqueço, tampouco eles. O abandono não é uma expressão conhecida ou praticada neste nosso relacionamento. De certa forma (e de forma certa) somos extremamente ciumentos. Sentimos que não podemos deixar outros intrusos invadir nosso espaço. Não que não podem acenar e dizer “hello”, mas não sentar à mesa.

            O círculo é fechado e a porta são poucos que a chave têm. O pacto é duradouro e rígido, tal qual o zircônio - um metal duro e muito resistente a corrosão. Dificilmente consegue ser corroído; corrompido. O laço estreito entre os integrantes desta mesa é muito estreito e próximo, profícuo. Nossa amizade perdura além-vida. Não é em uma vida que nos esquecemos dos que já partiram.

            A lembrança fica a cada nova rodada pedida ao garçom do bar. As cadeiras continuam vazias, mas com suas lembranças por todos os demais. Frustrado seria ter de dividir esta mesma mesa com a do lado. Frustrado seria eu em querer quem uma pessoa estivesse ao meu lado, na cadeira que já reservei, mas optar pela mesa colorida e sem amigos, insossa, ao lado. Vida longa do Rock And Roll!

Ouvindo: Now You´re Gone do Whitesnake. 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O buraco do teto


** Coluna publicada no Jornal Diário do Meio Oeste - edição do dia 07 de julho de 2012.**

Ouvindo: Bon Jour do Salvador Domínguez.

Já deve ter escutado, ou lido, a expressão epifania. Descobrir o significado já vem junto de outras descobertas na vida. Quem sabe seria a localização da telha que faltava para cobrir o telhado. Aquele velho buraco, por menor que fosse, sempre era motivo de o fazer pensar em como cobrir. Cobria-o com um pedaço de madeira; não ficava bom. De fora, via-se que destoava das demais peças. Cobria com lona, mas também não gerava o sentimento de pertencimento.

Passamos anos após anos procurando, consciente ou inconscientemente, a tal da peça que falta. Alguns descobrem, outros morrem com esta lacuna. Esta telha pode ser uma pessoa, um trabalho, uma obra, o plantio de uma árvore, a publicação de um livro ou filme, o salvamento de uma pessoa, um beijo na mão do Papa, assistir o show do seu ídolo. A tal da telha pode ser encontrada no momento em que menos se espera. Pode morrer a procurar, sem encontrar. Não se busca, eis que a telha surge.

Ouvi, algum dia, a história do pequeno gato. O gato-pai olhava o filhote e analisava-o correndo atrás do rabo. Quem já viu isso em gato ou cachorro, sabe. Fica girando e girando até cansar. Até que cansou e o gato-pai disse não ser necessário correr atrás, pois, quando se percebe, ele está sempre junto. Aliás, e bem perto. Alguns passam a vida correndo atrás e não localizam a telha que falta. Outros, sem procurar, descobrem a telha da cobertura.

E esta epifania veio depois de um momento de silêncio. A própria voz que me afastou, trouxe-me de volta. Tive de rastejar nos mais perversos sentimentos impregnados no meu íntimo para poder ter a claridade suficiente de olhar o restante do que continha e não apenas os resquícios do passado. Ao que acendeu a luz do corredor, não o conheço. Pode soar esquizofrenia, mas sempre há outro dentro de cada um. No momento da inópia, algo eclode do inconsciente.

Eis que o silenciar se tornou necessário para que a voz pudesse ser ouvida. Aliás, a voz não falou, ela obrigou a deixar a penúria de um estado. Foi um comando necessário para suprimir algumas telhas imperfeitas e recolocar as novas. O quebrantado foi substituído. Com a novidade, eis que outras vozes se apresentaram, indicando caminhos. Não houve a possibilidade de dois ou três caminhos, traçar dois ou mais ao mesmo tempo. É regra da Física: não podem dois corpos ocupar o mesmo lugar.

A escolha do caminho, mesmo sem o conhecer, literalmente, foi traçado mais com o sentimento de aventura (e guiado por placas de sinalização). Para confessar, com a informação de um que outro frentista de posto. Mas estas passagens foram necessárias para que a telha surgisse mais adiante. Como nas lojas que vendem azulejos em desuso, não tão comuns na região Sul do Brasil, mas que são muito úteis. O preço é caro, mas a necessidade de localizar uma peça única o faz valer a pena no contexto final.


A metáfora da telha pode ser usada por variadas formas ou até concepções. Depende da sensibilidade. Esta telha por ser qualquer coisa - mas qualquer mesmo. A minha telha tem nome, sobrenome, um cabelinho tipo pêssego cheiroso, e a voz mais gostosa de se escutar no mundo. Foi esta voz que me fez acordar diante das minhas profundezas, a minha epifania. Sei que aos poucos vai tomando forma, os sons vão se assemelhando aos nossos, mas, com justiça, superou a Chrissie Hynde.

Ouvindo: Something To Believe In do The Pretenders.   


PS: Acima, a minha telha que faltava.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O sol sempre brilhará


** Coluna publicada no Diário do Meio Oeste do dia 15 de setembro. **

Por Iaran de Oliveira


Ouvindo: Sun do John Lydon.

Desde que os nossos antecessores (muitos deles vivos) decidiram que o Brasil teria o Presidencialismo como Sistema de Governo, através do Referendo de 1963, queriam que a democracia fosse levada a cabo, ou seja, que o cidadão pudesse escolher, de forma livre, os seus representantes legítimos. Em outubro próximo, exatamente no dia 7,  iremos às urnas para o exercício de um poder que só nós, cidadãos eleitores, temos: o de votar.
A Democracia não pode ser entendida apenas como o direito de votar em que preferir, mas sim, ter a oportunidade de participar, opinar, sugerir, torcer, vibrar, desejar, querer e fazer. Contudo, isso tudo de forma livre, sem prejudicar este ou aquele. No artigo 3º da nossa Constituição Federal(CF) está escrito: “I - construir uma sociedade livre, justa e solidária”. A expressão livre, contudo, seguindo o próprio entendimento jurídico, não é absoluta ou o “fazer o que quiser”.
Estamos em dias tensos, quentes. Afloram nos cidadãos os anseios pela vitória (ninguém gosta de perder) de um determinado partido ou candidato. Porém, como ocorre a cada dois anos (oscila entre escolha de prefeitos e , depois, presidente e governadores) as eleições ocorrem; E PASSAM. Este período de campanha é passageiro, tal qual o pleito. Todo campeonato tem início, meio e almeja o final (poucos os que pararam no meio do caminho). Iniciam e terminam.


O que isso quer dizer? Quero dizer que as eleições passam. Mas a eleição não deve ser motivo de guerra, de briga, de criar inimizades, travar debates homéricos em mesa de bar, brigar com o vizinho, atravessar a rua motivado por tal candidato no mesmo caminho. Deve ser um momento para analisar, pensar, refletir, planejar o nosso (teu e meu) futuro.  É momento de avaliarmos bem quem queremos que nos represente. Isso é o que se pretendeu quando definiram nosso Sistema de Governo.

As eleições passam, mas as pessoas ficam. Estar no poder é passageiro. É por um período.  Há a possibilidade de seguir sim; com nova opção do eleitor. O pleito passa, os gestores passam, mas as pessoas ficam. As p-e-s-s-o-a-s! E é isso que deve prevalecer: a pessoa, o ser humano. Não podemos privilegiar a discórdia, a briga, a insensatez, a raiva, a inimizade. Devemos lembrar que este tempo passa, tal qual um temporal. Os políticos vem e vão, mas as pessoas ficam.
Quando nosso time é derrotado pelo time do amigo não é motivo de briga. Do contrário, durante o jogo torcemos, conversamos, vaiamos, comemoramos e, no final, saímos abraçados. A vida prossegue. O jogo acaba, mas as pessoas continuam. Nós seguimos. No próximo, quem sabe, seja o momento de nós vencermos, do amigo rir e o ciclo continua. Não podemos deixar que esta Democracia, a liberdade de escolha, possa interferir na nossa relação de amizade.
Estamos em período eleitoral, mas para decidir nosso futuro. Não estamos em uma guerra, lutando pela vida. O que quero exprimir é que as pessoas não devem criar inimizades apenas por convicções políticas. Cada um decida, opte, escolha, defina. Não se pode deixar que integrantes equipes distintas deixem de se olhar, de se falar, de se cumprimentar em razão de uma escolha. Mesmo que de times diferentes, o desejo é que a Democracia prevaleça; o sol nascerá novamente amanhã.
Não quero ensinar a minha filha a virar o rosto para um colega, pelo simples fato de o pai ou mãe gostar de sertanejo ou de pagode, ou de bandinha, ou de eletrônico. Não gosto, é fato, mas isso não pode interferir na relação entre os dois. Quero que ela seja livre, respeite o colega. Que respeite o colega pela opção que ele ou seus pais fizeram. De verdade, quero caminhar no dia 8 e cumprimentar aquele que me excluiu do Facebook, voltar a apertar sua mão; sorver uma chávena de café juntos. Viveremos!

Ouvindo: Sunday Bloody Sunday do U2.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A República


** Coluna publicada no dia 30 de junho, coo de costume, na edição de sábado do Jornal Diário do Meio Oeste - Videira(SC). **


Ouvindo: Under Pressure do David Bowie & Annie Lennox.

            Falta pouco para um momento importante aos cidadãos brasileiros (e estrangeiros também!): as eleições. O ápice da democracia é o direito de votar, de exercer o maior poder que nossa República proporciona. Do Latin “coisa pública”, a República é um dos variados sistemas de governo existentes no mundo. Felizes dos brasileiros que podem, através do voto, escolher este ou aquele para ser o representante.

            Escolhas boas ou ruins, é certo que haverá um tempo a que se passar com tais eleitos. Pelo certo, do moral e legalmente correto, deveria usar de seu cargo público temporário para melhorar seu município, seu estado e seu país. Não ficar apenas utilizando um espaço (mais o  dinheiro e tempo) do contribuinte para “fazer média” e perambular pela cidade como “autoridade”.

            A expressão autoridade já demonstra uma espécie de fonte de poder. E o poder é difícil de lidar. Pode subir ao cérebro como onipotência e sobrepor o moral e legalmente correto por interesses pessoais. Deveria a autoridade voltar a pensar no termo “República” antes de se imaginar como autoridade. Deve sim ser paga pelo trabalho que exerce. Pelo trabalho e não pelo cargo que ocupa apenas. T-r-a-b-a-l-h-o!

            Apenas dar uma volta no “trabalho” e exercer a “autoridade” no restante do dia não é legal e moralmente correto. Eis que se aproximam os dias do turbilhão que antecede o dia da votação. Domingo de eleição deve ser como início da manhã de feriado: calmo. Sem gritos, sem carros com o som em níveis ensurdecedores, sem sujeira nas ruas, de vizinhos conversando, do sol brilhante ou da chuva molhando.

            Este período requer calma no espírito. Saber avaliar qual pode ser o futuro que você, como cidadão, deseja. E não adianta reclamar caso um ou outro não vença. Pior, reclamar daquele que vencer. Resta calar, aceitar e esperar por outros dois anos. Poderiam ser quatro, mas a cada dois existem eleições: presidente, governadores, deputados e senadores e, dois anos depois, prefeitos e vereadores.

            São dimensões diferentes, mas melhor é já ir pensando na rua onde mora, no bairro ou no município. Será que apenas as árvores da rua onde mora devem ser belas e frondosas? A rua do vizinho, na qual você passa todos os dias, não merece ser também estar ajeitada? Será que vale a pena você vender um importante momento seu por alguns galhos de árvores mais belos do que o vizinho?





            Vivemos em um mundo pequeno, por maior que seja e pela distância que exista entre os povos. A casa do seu vizinho é mais longínqua do que a Noruega, mas muitos conhecem aquele país e nunca viram o vizinho. O pensar coletivo é sinônimo de República. O nosso Estado é nosso chão. Quero que minha filha possa viver em uma República, onde tudo é público, mas não onde o poder de uma “autoridade” prevaleça.



            Nosso trabalho neste período é analisar, avaliar, pensar e agir. A Justiça Eleitoral é nosso braço legal perante aqueles que pleiteiam agir por “debaixo dos panos”. Denuncie, como alguém denunciaria um crime, um assassinato, um roubo contra você. Quero que minha filha possa viver e não apenas sobreviver. Que ela possa desfrutar da “nossa” e não daquela “pertencente ao “meu”. Filha, calma, pois aos poucos crescemos.

Ouvindo: Flirtin' With Disaster de Molly Hatchet.



quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Um pouco de Educação

** Coluna publicada no dia 16 de junho, no Jornal Dário do Meio Oeste. **




Ouvindo: Do You Remember Rock 'n' Roll Radio? Do Ramones.

Ramones é uma boa trilha sonora quando se pretende abordar a Educação. O maiúsculo diz respeito ao termo estritamente pessoal, pois deve ser respeitada a Educação.  Foi através deste grupo americano que o punk rock foi difundido aos variados ventos do mundo. Abordavam as peripécias juvenis e a derrubada de paradigmas políticos, sociais e até econômicos. Queriam levar diversão; de fato, levam até hoje em meu coração.

Debaixo das cobertas ouviam o rock and roll que as emissoras de rádios veiculavam. Escondidos dos pais, omitidos pela sociedade formal e Educada da época. Há sempre o que se discutir da Educação que nossos antepassados pregavam. Não vivemos mais na base do bofete ou da opressão, da minorização(em um caso de neologismo) dos filhos perante o respeito e a obediência. Respeitar é uma coisa, obedecer outra.



Minha mãe nunca foi de pedir muita coisa para os seus cinco filhos. Prestou uma Educação baseada no exemplo: não gritava, não soltava palavrões, era Educada e estimulava a leitura, o aprendizado. Lembro que, porém, detestada quando não ouvia o “senhora”. TU? Jamais.  A Educação não é apenas algo que vem de casa, de berço, mas se aprende. Educado e culto não são sinônimos. Ponto de vista discrepante, são até antônimos. Andam em caminhos próximos, mas distintos.

O Educado é o sujeito que respeita. Pode não concordar, mas respeita. Conheço doutor mal Educado e analfabeto Educado. E vice-versa, bem vice e muito versa. Escolaridade não é sinônimo de Educação. Pior é tentar usar da falta de “anos de escola” para pleitear a minorização(em outro caso de neologismo) da extrema falta de Educação. Vi (e confesso me senti envergonhado) um sujeito ser mal Educado com a maior autoridade do Estado.

Sem englobar a questão político-partidária, mas apenas a Educação, senti-me ofendido ao ver (e ouvir) o sujeito tratar o governador como “tu, cara, ô meu”. Creio que por muito menos um policial já tiraria algemas da cinta e o colocaria no camburão. Mas a Educação(política) do Chefe de Estado impedia qualquer comentário; apenas ouvir as lamúrias. Foi educado em escutar. Imagino que não quis penalizar os demais da sala. Por tratamento até melhor ‘dei de costas’ e fui embora do recinto.

Para destacar que escolaridade(anos de escola) não significam Educação. E não adianta tentar desculpar depois, pois repetiu a mesma mal Educação um dia e pouco depois. Fico triste de ver um vizinho tratar alguém desta forma.  Fico imaginando como trata o seu funcionário, o seu vizinho de porta, o seu cachorro. Educação pode não se aprender desde o berço, mas é fundamental para conviver, harmoniosamente, em sociedade.

O “senhor” ou a “senhora” soam tão bem, independente da idade de quem é o receptor. Podem vir com esculachos posteriores, mas soam tão bonito. A Educação de nossa vida adulta (ou juvenil) pode ser precedida de um pai e mãe Educados. Recordo muito bem como meu velho e saudoso pai cumprimentava minha avó(seus irmãos também o faziam): “a bênção mãe”, e beijavam a mão da mãe. Gesto bonito; antiquado, mas bonito.

Com a gripe beirando nossa porta, beijar a mão já não serve, tampouco a fase social em que vivemos. Não vivemos mais em monarquia. Não aqui no Brasil. Mas ensinar um bocadinho (bem inho) de Educação é o mínimo que podemos fazer. Pai e mãe não são apenas quem colocam no mundo (esperando pelo professor). Melhor os pais Educarem a deixar que o mundo o Eduque. Nem sempre pensamos da mesma forma como o mundo age. Filha, compreenda que Educar não é maltratar.

Ouvindo: Pride and Joy do Stevie Ray Vaughan. 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Apoio

** Tópico antigo. Nem sei de quando, mas foi logo que cheguei nesta terra. ** estava nas pendências e vi anos depois... ***



Ouvindo: Song Yet To Be Sung do Perry Farrell. São 17h52.

Os últimos dias até têm sido bem interessantes. N´algum momento urge um sentimento estranho, mas passa rapidinho. Semana de trabalho intenso. Não parei muito não. Mas como se arrastou a semana. A impressão que tive (e de outras pessoas também) foi de que a semana contou com 20 dias. Deve ser pela falta de feriado. Foram seguidos feriados. Mas agora parece que encerraram os dias de descanso. Esperemos o final do ano. Aliás, Natal está chegando. Seguindo o que o Nandinho escreveu, pedir ajuda também. E por isso, meu querido Papai Noel: faça com que os produtores do Big Brother Brasil me escolham para ser um dos participantes.
Estava adiando a minha vontade de escrever e contar que fiz a inscrição para a edição 2008 do programa. Há alguns anos que algumas pessoas comentavam que eu seria uma pessoa “curiosa e/ou interessante” para ficar vendo todos os dias na televisão. E este ano resolvi gravar um vídeo e enviar a inscrição. Foram dezenas de perguntas respondidas numa noite de quinta-feira, ainda quando morava na casa da Tê. Enviei o envelope com o DVD, fotos, ficha de inscrição e questionário pouco depois de me mudar. Acabei mudando de casa e de vida, de certa forma. E ando confiante com esta possibilidade. Ir participar deste reality show seria muito bom para minha pessoa. Aliás, vai ser. Vou escrever com certeza para ter mais força no pedido ao bom velhinho. Seja Pai do Céu, Papai Noel, enfim, quem for. Dê-me esta oportunidade. O resto deixem comigo. Eu me viro - sou quase um pavão. Com esta oportunidade poderia eu começar a fomentar, de forma mais concisa, a Igreja do Rock, comprar minha moto e a casa de Natal para minha mãe. Sei que a casa está perto de chegar, mas darei este presente para a minha amada Dona Sônia. Minha, das meninas, dos bichos, dos cunhados e do mundo. Com minha mãe não sou egoísta. Com a dona Sônia tem mãe de sobra. Coração sem tamanho e de valor incalculável. Não vendo minha mãe não. Empresto, com muito prazer, mas sem abusos.
Mas voltando ao assunto, inscrevi, abri um perfil no site do programa (http://www.8p.com.br/bbb/iaran/perfil) e estou fazendo minha parte. Algumas poucas pessoas ficaram sabendo que enviei o material. Nem quis criar expectativas. Nem comigo nem com ninguém. Mas sei que tem gente que poderia entrar no site e votar SIM também. Amigos, amigos... Quem os são? De quem menos eu esperava, impactei com a resposta. Obrigado pela força. Sei que a Drika fez um comercial grande entre seus amigos sobre o site e sobre a Igreja do Rock. Obrigado Drika. Beijo carinhoso para você. Aprendi muito, em pouco tempo, com esta menina com Deus bem ao seu lado.
Mas sigo nesta minha jornada. Pedi para um “ser” que anda me auxiliando muito desde que cheguei nesta nova terra. Que recorda muito bem desde a primeira vez que o vi. Recorda do lugar e do que me disse. Obrigado Seu Sete. Salve!! Sei que ele também faz uma corrente forte com esta intenção. Estou convicto de que não é fácil ser um dos escolhidos entre mais de 160 mil brasileiros que enviaram o material. Faz sei que sempre fui muito protegido por ai do Céu e tenho Santos muito fortes comigo. Do contrário não estaria aqui hoje. Obrigado para todos vocês também. Não quero saber quem são vocês, apenas sei que vocês estão perto e me auxiliam. Tanto eu como muitas pessoas são auxiliadas por estes “seres” que não vemos nem tocamos. Apenas sentimos.
Pois bem, Papai Noel, dá-me este presente de Natal: ser um dos 14 que estarão no BBB8. Depois eu peço o resto.

Ouvindo: The Silent Man do Dream Theater. São 18h41.

A internet

* * Coluna publicada no Diário do Meio Oeste no dia 10 de junho de 2012. * *



Ouvindo: Miles Away do Winger.

A internet é uma maravilha. Deve figurando no “Top Five” das melhores invenções do mundo. Tem o Rock - para alegrar o mundo, o refrigerador – para gelar a cerveja, o banheiro – para a higiene e descarregar a cerveja, o computador - para suportar a internet, e os filhos – para ensinar a ouvir Rock. Bom, depois vem o resto. Deixando a seriedade séria disso tudo, cabe avaliar os males da rede mundial.

A curiosidade matou o gato, diz um ditado popular. A rede mundial de informação já diz tudo: um mundo de informação. Isso é sinônimo de muita coisa. Mas muita coisa mesmo: boas, outras nem tanto, ruins e péssimas.  A dor de cabeça do passado não era tão grande e intensa quanto o é agora. Por uma mísera informação o mundo vira de cabeça para baixo.

E, além disso, faz tudo virar uma correria. Imaginemos: a noticia de um tsunami no litoral no leste já origina uma mobilização maciça de autoridades e vendedores de alimentos no oeste. Uns fugindo; outros corajosos indo no sentido contrário da multidão com uma prancha de surf. Pior ainda é ir buscar tirar dúvida sobre um assunto que não se tem a mínima informação: o tsunami é quase o mesmo.



Relevar o que se lê na internet é o mínimo que se pode fazer. Nem tudo é verdade. Tem milhares de sítios com fofocas e mentiras. Mas o mais inteligente é analisar, tal qual uma simples pesquisa de escola, e verificar se tudo aquilo que ali consta é verdade e tem algum cunho sério. Dias atrás li que o Elvis estava vivo. Fiquei super feliz, pois realizaria meu sonho de muitos anos.  Frustrei: era mentira!


Não podemos criar um filho apenas com o que se lê na internet e já pensar que é o fim do mundo. Filhos não surgem pela impressora ou são feitos pelo envio de e-mails. Da mesma forma não são apenas relatos de uns que devem ser os mesmos para outros. Tenho cadastro de sites de pais e filhos e sempre mantêm “atualizações atualizadas”. Mas o melhor é saber o que a mãe do fulano passou. Azar a avaliação médica.

Monitorar, ao mínimo que seja, o que se ler é um bom caminho para ao passar por bobo em meio a conversa. Ouvi, certa vez de um médico, que a gestante já sabia tudo sobre o parto, pois lera na internet e em revistas de final de semana. Ele perguntou então se ele era realmente necessário naquele momento. Caso fosse tudo tão explicado, o médico nem precisaria sair de casa, em uma manhã fria. Ficaria em casa.

Melhor é analisar o que se obtém de informação. Tal qual uma faca, pode-se segurar no cabo ou no fio. Melhor verificar direito e cuidar com o que se absorve. De qualquer forma, adoro a internet. Com mentiras ou sem mentiras, é um mundo que ali está. Ninguém mais, com mais de cinco anos, consegue viver sem a internet. “Deuzolivre” cair a conexão no meio de um download.

Ouvindo: A Whiter Shade of Pale do Procol Harum.


quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O cotidiano do dia a dia


** Coluna publicada no dia 02 de junho, pelo Diário do Meio Oeste. **


Ouvindo: 29 Palms do Robert Plant

Poderia me valer do pleonasmo literário, optando pelo pleonasmo vicioso, transpassando pela redundância estilística a expressar uma repetição que se fará. Para muitos, todos os dias são quase iguais. Algumas vezes mudam de roupa para ir ou voltar do trabalho e jantam algo diferente. Por isso do ‘quase’ anterior. Um dia tem bife de gado, outro tem coxa de frango, mas sempre com arroz, feijão e salada. São pratos intercalados, para não enjoar ou comer sempre a mesma coisa.

Tal qual ir ao mesmo restaurante, todos os cinco dias úteis da semana (e como se sábado e domingo fossem inúteis), almoçar e cumprimentar sempre as mesmas pessoas, da mesma forma: Olá! Oi! Tudo bem? Joia? Tudo bem bom? Para variar, não apenas o cardápio, é espichada uma frase como: será que chove hoje de tarde? O seu time ganhou ontem? Cheiro bom deste feijão, não? Apenas para puxar um pouco de conversa e apressar enquanto se espera a vez na fila.

E se convive com isso. O que não é pleonasmo neste caso é almoçar em casa e ver o cachorro abanando o rabo. Isso sim não é algo repetitivo, recorrente. Aquele “cidadão peludo” acenou quando saiu de casa, você com a mesma roupa da semana passada (mudando apenas a cueca), e sorriu quando voltou ao meio-dia, pois ele não esperava. Mas nem deu tempo de ver o sorriso canino, pois a correria obrigava-o a almoçar uma torrada com um copo de suco do dia anterior. O cachorro acena lá fora!



Pode parecer estranho, mas a repetição nos torna tal qual um robô, aquele mesmo que você manuseia no seu trabalho ou que processa o queijo que você ingeriu pouco antes de voltar a sair e deixar o “cidadão peludo” a ver navios, sem atenção (da torrada, lembra?). O mundo nos impõe isso. Dia a dia, o cotidiano, a vida, a mesmice, a complacência, a acomodação. O trabalho nos impõe a acomodação. Ficar sentado, todo o dia, cinco dias por semana (ou seis), atendendo e falando as mesmas coisas.

Pior é daquele que faz tudo isso e ainda por cima escutando desaforos ou tentando resolver os problemas que outros criaram. São heróis. Este tipo de gente merece um diploma de herói e abnegado. “Empacota tudo e manda a conta lá em casa!” Quão bom seria poder dizer isso aos problemas, deixar que outros os resolvam. Temos problemas e o pior, somos nós quem os produzimos. Depois tem alguém a ser envolvido para resolver (felizes ficam os advogados).

Ainda bem que a segunda-feira existe. É o melhor dia da semana. O domingo é um dia horrendo, pior ainda a tarde e a noite do domingo. Só de imaginar, já fico agoniado. Até terminar de lavar a louça do domingo é uma maravilha. Depois? Melhor que já chegasse a segunda. Adoro também a quinta. Dá para pensar: “só mais um pouco, vamos, só mais um pouco, mais um pouquinho”. O sábado acaba e a tristeza volta. No fundo, a segunda me anima. Saber que recomeça, tudo de novo (igual e repetido).

O cotidiano da vida é tão subjetivo, pois cada dia é igual. Todos com 24 horas. O que fazemos nestas horas é que muda. Para alguns, o lanche, o café, o almoço ou a janta; outros, o trabalho. Feliz é aquele que pode ter dias alternados entre as pessoas, conhecendo, convivendo, conversando, ajudando e até reclamando. Mas que reclame para outra pessoa, pois a mesma já se torna um pleonasmo. O que me anima, em plena segunda, é saber que começo pensando em fazer algo para alguém.

Ouvindo: Layla do Eric Clapton.