** Coluna publicada no dia 30 de junho, coo de costume, na edição de sábado do Jornal Diário do Meio Oeste - Videira(SC). **
Ouvindo: Under Pressure
do David Bowie & Annie Lennox.
Falta pouco para um momento importante aos cidadãos
brasileiros (e estrangeiros também!): as eleições. O ápice da democracia é o
direito de votar, de exercer o maior poder que nossa República proporciona. Do
Latin “coisa pública”, a República é um dos variados sistemas de governo
existentes no mundo. Felizes dos brasileiros que podem, através do voto,
escolher este ou aquele para ser o representante.
Escolhas boas ou ruins, é certo que haverá um tempo a que
se passar com tais eleitos. Pelo certo, do moral e legalmente correto, deveria
usar de seu cargo público temporário para melhorar seu município, seu estado e
seu país. Não ficar apenas utilizando um espaço (mais o dinheiro e tempo) do contribuinte para “fazer
média” e perambular pela cidade como “autoridade”.
A expressão autoridade já demonstra uma espécie de fonte
de poder. E o poder é difícil de lidar. Pode subir ao cérebro como onipotência
e sobrepor o moral e legalmente correto por interesses pessoais. Deveria a
autoridade voltar a pensar no termo “República” antes de se imaginar como
autoridade. Deve sim ser paga pelo trabalho que exerce. Pelo trabalho e não
pelo cargo que ocupa apenas. T-r-a-b-a-l-h-o!
Apenas dar uma volta no “trabalho” e exercer a
“autoridade” no restante do dia não é legal e moralmente correto. Eis que se
aproximam os dias do turbilhão que antecede o dia da votação. Domingo de
eleição deve ser como início da manhã de feriado: calmo. Sem gritos, sem carros
com o som em níveis ensurdecedores, sem sujeira nas ruas, de vizinhos conversando,
do sol brilhante ou da chuva molhando.
Este período requer calma no espírito. Saber avaliar qual
pode ser o futuro que você, como cidadão, deseja. E não adianta reclamar caso
um ou outro não vença. Pior, reclamar daquele que vencer. Resta calar, aceitar
e esperar por outros dois anos. Poderiam ser quatro, mas a cada dois existem
eleições: presidente, governadores, deputados e senadores e, dois anos depois,
prefeitos e vereadores.
São dimensões diferentes, mas melhor é já ir pensando na
rua onde mora, no bairro ou no município. Será que apenas as árvores da rua
onde mora devem ser belas e frondosas? A rua do vizinho, na qual você passa
todos os dias, não merece ser também estar ajeitada? Será que vale a pena você
vender um importante momento seu por alguns galhos de árvores mais belos do que
o vizinho?
Vivemos em um mundo pequeno, por maior que seja e pela
distância que exista entre os povos. A casa do seu vizinho é mais longínqua do
que a Noruega, mas muitos conhecem aquele país e nunca viram o vizinho. O
pensar coletivo é sinônimo de República. O nosso Estado é nosso chão. Quero que
minha filha possa viver em uma República, onde tudo é público, mas não onde o
poder de uma “autoridade” prevaleça.
Nosso trabalho neste período é analisar, avaliar, pensar
e agir. A Justiça Eleitoral é nosso braço legal perante aqueles que pleiteiam
agir por “debaixo dos panos”. Denuncie, como alguém denunciaria um crime, um
assassinato, um roubo contra você. Quero que minha filha possa viver e não
apenas sobreviver. Que ela possa desfrutar da “nossa” e não daquela “pertencente
ao “meu”. Filha, calma, pois aos poucos crescemos.
Ouvindo: Flirtin' With Disaster de Molly Hatchet.