sábado, 28 de abril de 2012

Um rom rom


Ouvindo: Summer Rain do Whitesnake.

Os meus verões nunca mais serão os mesmo do que foram nos últimos 30 anos. A partir do ano que vem, poderei caminhar, fim da tarde ou de noite, de mãos dadas com minha filha. Uns passos e depois com ela em meu colo. Estou ansioso pela chegada deste momento. Deixar um pouco as muralhas protetoras de nosso lar e desfrutar da natureza. Deixá-la sentir o cheiro do ar, a fumaça dos carros, as cores do mundo, os sons da natureza (e do homem!!).
Porém, nem tudo é tão perfeito quanto parece (apenas minha filha! rsrsrs). A natureza cresce sem fazer barulho. Bom, quando tem de fazer barulho, é para derrubar o que o homem construiu. Mas como é que o homem, por menor que seja, pode ser tão barulhento? Fico pensando em até mudar, morar em um local mais silencioso. Não para meu benefício, mas do sensível sistema de audição da pequenina. Já sou grandinho e não me importo tanto, mas com os pequenos sim.
Até nosso gato, o Átila, se assusta com um tum-tum-tum ou aquele nheco-nheco-nheco que teima em transitar. De qualquer forma, é minha forma de protesto e de causar reflexões. Apenas ando mais silencioso e, infelizmente, mais ausente. Ando querendo fazer tudo mais rápido para voltar mais cedo e ver a minha pequenina dormindo (e como dorme). Não me importo, mas apenas estar pertinho, ouvir as resmungadas durante o sono, ou mesmo olhar suas caretinhas.

É muito fofo ficar olhando e ver algumas expressões: sorrindo, brava, feliz, preocupada. Daquele tamanhinho já franzindo a testa? Mas deixa crescer e verá que isso é normal. São expressões faciais e que, dizem, são involuntárias. Espero que sim, pois toda vez que eu vou dar um beijo nela, franze a testa e faz cara feia. Pode ser a barba espetando sua sensível pele ou eu falando, sussurrando, um “oi filha, cheguei!”. Tipo assim, “tá cara, deixa eu dormir!”. 

De qualquer forma, estou feliz e sei que esta felicidade tem os dias contados. Sabe o motivo? Ela crescerá. Sim, tentará subir em árvore e ouvirei um grito. Esfolará o joelho na escola. Quebrará um dente. Brigará com a amiguinha. Pedirá para viajar. Será uma adolescente. Bom, depois que passar esta fase, segundo relatos de pais, as coisas melhorar (ou pioram). Mas sejamos esperançosos de que serão melhores. Mas deve ser bem legal poder caminhar pela rua de mãos dadas com uma filha.
Conto os momentos para estar de volta, sentido o doce cheiro dela. A dádiva que nos foi dada é quanto ao barulho. O Átila faz mais barulho do que ela. E saibam que gatos não são barulhentos. Bom, quando estão no cio já é outra história. Mas, sinto que o gato não conseguiu ceder um pouco do ciúmes. Tem de aprontar e querer aparecer. Queria poder (e tentei, confesso que tentei) conversar com ele e explicar que não há competições, mas sim, um acréscimo na família. Mas ele não entendeu.
Mas não ouço tudo o que dizem, afirmam ou sugestionam sobre filhos e pets. Nem tudo o que um faz, o outro repete. As demonstrações de carinho são recíprocas, mesmo o sujeitinho felpudo não falar. Um brrr, o romrom, ao lado do ouvido ou um rabicó nos pés já é sinal de alegria, felicidade e ânimo. E que estes ânimos do verão se repitam pelos próximos. Que o sol que brilha hoje para mim, brilhe para você também, pois é inexplicável.

Ouvindo: Turn Of The Century do Yes.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Os ‘magrão’


Ouvindo: Beethoven do Deep Purple





Para ouvir uma música que gosto, tem de ser em volume alto. Bom sentir quando o fígado bate contra o estômago, o rim contra o pulmão, parecendo que eles vibram conforme os instrumentos surgem. Mas gosto de fazer isso sozinho, sem atrapalhar o sono do vizinho. Porque a música do vizinho nunca é uma que eu gosto. Pior, é aquela que eu detesto. Mas respeito.



Entrei neste assunto interessante e curioso para externar minha insatisfação. Estou ficando velho sim, mas até hoje minha audição está perfeita. E assim quero seguir. Você já percebeu como tem aquele “magrão” com um som no volume ‘dois mil‘, com carro rebaixado e andando devagar perambulando? Será que ele faz de propósito ou é surdo? Chega a tremer a vidraça das casas, vitrine de lojas, dispara até alarme. 


O “magrão” deve ser um sujeito muito feliz para escutar aquele treco que não me arrisco a dizer que é música. Deve ser uma dor de corno sem tamanho para querer externar isso para todos os pedestres, moradores, vizinhos. E ele gasta ilhares de reais em um super equipamento, apenas para azucrinar os ouvidos de todos os demais. Ele não se importa, nem com a mãe dele.

Tudo bem investir em algo que se goste. Sou favorável á isso, desde que, não invada a privacidade ou vontade alheia. A Constituição Brasileira tem a prerrogativa da liberdade de trânsito. Mas não é absoluta. O bom senso deveria prevalecer. Estou pensando em pegar meu celular e gravar a placa do sujeito, o carro, horário e o volume. Depois levar para o Ministério Público ver o que se pode fazer.
Pode não resolver, mas que sabe minimizar.

Sou favorável à liberdade, em todas as suas formas de expressão, mas desde que respeite o vizinho. Moro em uma via movimentada e isso não me atrapalha. Aliás, adoro acordar, abrir a janela do apartamento se sentir a poluição da cidade. Mas acordar todo mundo é sacanagem. Será que ele não pode fechar o vidro do carro ou escutar apenas para ele?

Ademais, são apenas homens que fazem isso. Não recordo de ter visto uma mulher com som a dois mil e rodando pela cidade, com braço para fora e circulando a 10 km/h. Caso passe um policial militar, o sujeito desliga. Depois retoma o seu divertimento. Lembro do caso de um PM. De tão sacana que era o garoto, e não reduzia o volume, “sem querer querendo” o alto falante se furou ‘sozinho’. A caneta serve.

Ando mais silencioso. Ouço a música no meu volume quando estou em casa o no carro, sozinho. O vizinho não precisa saber o que estou ouvindo. Apenas respeito, educação, bom senso. Mais do que antes, meus ruídos musicais baixaram. Tem alguém, muito frágil, dentro de casa e que ainda está conhecendo os sons. Por isso, quaisquer barulhos, em decibéis extremos, causam susto e estranheza.
Sou contra os gritos.

Não fui criado aos berros, tampouco com gritaria, apesar de serem muitas as mulheres na minha vida. Mesmo com aquele blá-blá-blá de todo hora, houve respeito acima de tudo.  Por isso, quero criar minha filha em um ambiente agradável e não hostil, barulhento, com aquele som repetitivo grunindo nos meus ouvidos e nos dela.

Ouvindo: Living On The Edge do Aerosmith.