Ouvindo: Summer Rain do Whitesnake.
Os
meus verões nunca mais serão os mesmo do que foram nos últimos 30 anos. A
partir do ano que vem, poderei caminhar, fim da tarde ou de noite, de mãos
dadas com minha filha. Uns passos e depois com ela em meu colo. Estou ansioso
pela chegada deste momento. Deixar um pouco as muralhas protetoras de nosso lar
e desfrutar da natureza. Deixá-la sentir o cheiro do ar, a fumaça dos carros, as
cores do mundo, os sons da natureza (e do homem!!).
Porém,
nem tudo é tão perfeito quanto parece (apenas minha filha! rsrsrs). A natureza
cresce sem fazer barulho. Bom, quando tem de fazer barulho, é para derrubar o
que o homem construiu. Mas como é que o homem, por menor que seja, pode ser tão
barulhento? Fico pensando em até mudar, morar em um local mais silencioso. Não
para meu benefício, mas do sensível sistema de audição da pequenina. Já sou
grandinho e não me importo tanto, mas com os pequenos sim.
Até
nosso gato, o Átila, se assusta com um tum-tum-tum ou aquele nheco-nheco-nheco
que teima em transitar. De qualquer forma, é minha forma de protesto e de
causar reflexões. Apenas ando mais silencioso e, infelizmente, mais ausente.
Ando querendo fazer tudo mais rápido para voltar mais cedo e ver a minha
pequenina dormindo (e como dorme). Não me importo, mas apenas estar pertinho,
ouvir as resmungadas durante o sono, ou mesmo olhar suas caretinhas.
É
muito fofo ficar olhando e ver algumas expressões: sorrindo, brava, feliz,
preocupada. Daquele tamanhinho já franzindo a testa? Mas deixa crescer e verá
que isso é normal. São expressões faciais e que, dizem, são involuntárias.
Espero que sim, pois toda vez que eu vou dar um beijo nela, franze a testa e
faz cara feia. Pode ser a barba espetando sua sensível pele ou eu falando,
sussurrando, um “oi filha, cheguei!”. Tipo assim, “tá cara, deixa eu dormir!”.
De
qualquer forma, estou feliz e sei que esta felicidade tem os dias contados.
Sabe o motivo? Ela crescerá. Sim, tentará subir em árvore e ouvirei um grito.
Esfolará o joelho na escola. Quebrará um dente. Brigará com a amiguinha. Pedirá
para viajar. Será uma adolescente. Bom, depois que passar esta fase, segundo
relatos de pais, as coisas melhorar (ou pioram). Mas sejamos esperançosos de
que serão melhores. Mas deve ser bem legal poder caminhar pela rua de mãos
dadas com uma filha.
Conto
os momentos para estar de volta, sentido o doce cheiro dela. A dádiva que nos
foi dada é quanto ao barulho. O Átila faz mais barulho do que ela. E saibam que
gatos não são barulhentos. Bom, quando estão no cio já é outra história. Mas,
sinto que o gato não conseguiu ceder um pouco do ciúmes. Tem de aprontar e
querer aparecer. Queria poder (e tentei, confesso que tentei) conversar com ele
e explicar que não há competições, mas sim, um acréscimo na família. Mas ele
não entendeu.
Mas
não ouço tudo o que dizem, afirmam ou sugestionam sobre filhos e pets. Nem tudo
o que um faz, o outro repete. As demonstrações de carinho são recíprocas, mesmo
o sujeitinho felpudo não falar. Um brrr, o romrom, ao lado do ouvido ou um
rabicó nos pés já é sinal de alegria, felicidade e ânimo. E que estes ânimos do
verão se repitam pelos próximos. Que o sol que brilha hoje para mim, brilhe
para você também, pois é inexplicável.
Ouvindo: Turn Of The Century do Yes.