terça-feira, 24 de abril de 2012

Os ‘magrão’


Ouvindo: Beethoven do Deep Purple





Para ouvir uma música que gosto, tem de ser em volume alto. Bom sentir quando o fígado bate contra o estômago, o rim contra o pulmão, parecendo que eles vibram conforme os instrumentos surgem. Mas gosto de fazer isso sozinho, sem atrapalhar o sono do vizinho. Porque a música do vizinho nunca é uma que eu gosto. Pior, é aquela que eu detesto. Mas respeito.



Entrei neste assunto interessante e curioso para externar minha insatisfação. Estou ficando velho sim, mas até hoje minha audição está perfeita. E assim quero seguir. Você já percebeu como tem aquele “magrão” com um som no volume ‘dois mil‘, com carro rebaixado e andando devagar perambulando? Será que ele faz de propósito ou é surdo? Chega a tremer a vidraça das casas, vitrine de lojas, dispara até alarme. 


O “magrão” deve ser um sujeito muito feliz para escutar aquele treco que não me arrisco a dizer que é música. Deve ser uma dor de corno sem tamanho para querer externar isso para todos os pedestres, moradores, vizinhos. E ele gasta ilhares de reais em um super equipamento, apenas para azucrinar os ouvidos de todos os demais. Ele não se importa, nem com a mãe dele.

Tudo bem investir em algo que se goste. Sou favorável á isso, desde que, não invada a privacidade ou vontade alheia. A Constituição Brasileira tem a prerrogativa da liberdade de trânsito. Mas não é absoluta. O bom senso deveria prevalecer. Estou pensando em pegar meu celular e gravar a placa do sujeito, o carro, horário e o volume. Depois levar para o Ministério Público ver o que se pode fazer.
Pode não resolver, mas que sabe minimizar.

Sou favorável à liberdade, em todas as suas formas de expressão, mas desde que respeite o vizinho. Moro em uma via movimentada e isso não me atrapalha. Aliás, adoro acordar, abrir a janela do apartamento se sentir a poluição da cidade. Mas acordar todo mundo é sacanagem. Será que ele não pode fechar o vidro do carro ou escutar apenas para ele?

Ademais, são apenas homens que fazem isso. Não recordo de ter visto uma mulher com som a dois mil e rodando pela cidade, com braço para fora e circulando a 10 km/h. Caso passe um policial militar, o sujeito desliga. Depois retoma o seu divertimento. Lembro do caso de um PM. De tão sacana que era o garoto, e não reduzia o volume, “sem querer querendo” o alto falante se furou ‘sozinho’. A caneta serve.

Ando mais silencioso. Ouço a música no meu volume quando estou em casa o no carro, sozinho. O vizinho não precisa saber o que estou ouvindo. Apenas respeito, educação, bom senso. Mais do que antes, meus ruídos musicais baixaram. Tem alguém, muito frágil, dentro de casa e que ainda está conhecendo os sons. Por isso, quaisquer barulhos, em decibéis extremos, causam susto e estranheza.
Sou contra os gritos.

Não fui criado aos berros, tampouco com gritaria, apesar de serem muitas as mulheres na minha vida. Mesmo com aquele blá-blá-blá de todo hora, houve respeito acima de tudo.  Por isso, quero criar minha filha em um ambiente agradável e não hostil, barulhento, com aquele som repetitivo grunindo nos meus ouvidos e nos dela.

Ouvindo: Living On The Edge do Aerosmith.

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