Ouvindo: I'd Do Anything For Love (But I Won't Do That) do Meat Loaf.
Nunca dormi tão mal como nos últimos dias. Porém, são as noites mal dormidas mais contentes da minha vida. Não, não fui fazer festa, ir para a balada, cair na gandaia. As noites de sono interrompido são em função dos gracejos da minha filha. Incrível, mas ela não chora. Até que a minha gatinha deu um “miadinho” no meu colo, mas era vontade de comer. Apenas os sons dos lábios e das mãozinhas.
Resta levantar da cama, mesmo sem óculos e enxergando meio torto, pegar a pequenina no berço e levar até o “restaurante”. Brinco, mas fica entre nós, pois a mãe não deve gostar deste ‘apelido’. Depois, volta ao sono. E dorme. E como dorme. Aliás, come e dorme. E sabe, tem a quem puxar. São coisas que todos gostamos: comer e dormir. Coisa mais gostosa do mundo.
É uma experiência incrível. Creio que muitos não tiveram esta oportunidade de vida. Tive com minhas duas sobrinhas, mas não é a mesma sensação. Tem momento em que dá medo de segurar. De um ser tão frágil, pequeno, com olhos curiosos perambulando de um lado ao outro, das pernas inquietas, dos bracinhos macios e das mãozinhas desenhadas. É único e sei que é um tempo que passa correndo.
Dei o meu primeiro banho. E foi rápido: uns 12 minutos. Sério, o banho, em si, foi rápido e gostoso, mas aquela safada da roupinha bonita não dava certo. Ela olhava para o bracinho e parecia que não queria entrar. As duas que me fiscalizavam apenas diziam: “rápido para ela não se esfriar o corpo”. Calma gente, mas foi primeiro banho na minha que dei em minha filha e foi ótimo. A fralda foi bem mais simples de colocar.
Brincadeiras de lado, é bom demais. Sinto uma ânsia tremenda de terminar o que tenho de fazer e voltar para casa. Apenas olhá-la dormindo ou assisti-la enquanto se movimenta, com paciência e ternura, como musica clássica. A pressa me foge da consciência. Sei que nunca mais a vida será a mesma. Pode ser apenas mais um número para o cadastro global, mas, para mim, é a minha vida!
Esperamos muitos meses. Contamos os dias. Imaginamos o rosto. Tentamos adivinhar a cor dos olhos e do cabelo, o peso ou o tamanho quando chegasse ao mundo. Tenho vontade de chorar quando lembro o que minha mulher disse que ouviu no centro cirúrgico, após ela deixar o seu ambiente de desenvolvimento, “Seja bem-vinda Sofia!”. Foram as primeiras palavras dos médicos que participaram do parto.
Já me chamam de pai fresco, pai novo, senhor, paizão, pai babão, bajulador. Sim, isso e muito mais. Aliás, adoro e tenho orgulho de cada um destes novos apelidos. Mas sabe o interessante? Poderei sair na rua com uma bolsa rosa e não ser visto com outros olhos. Até dirão: que bonita a sacola do cara. Claro, com orgulho, é da minha filha. Adorarei levar aquelas muitas sacolas para onde for, mesmo que na esquina.
Obrigado pelos elogios e aceito todos eles. E são verdadeiros. Ela é linda. Mais linda do que uma Barbie novinha. Desde a semana passada, tenho a impressão de que o mundo ficou mais lilás. Não pela decoração, mas pela tonalidade que meus olhos vem e meu coração sente. Nem mesmo o calor danado que faz deixa-me preocupado e cansado. O mundo, aos meus olhos, está mais feliz.
Ouvindo: The Flying Lip Lock do Teg Nugent.