sábado, 24 de março de 2012

Woodstock

Ouvindo: Going Up The Country do Canned Heat.

            Queria eu ter nascido por volta de 1950. Caso isso tivesse ocorrido, teria dado um jeito de ir assistir ao Woodstock.  Teria lá meus 19 anos e, legalmente, “maior”. Poderia bater o pé com meus velhos e dizer: “Sou maior e estou indo para os esteites. Até breve!”. Claro que não seria bem como se visualiza, mas, como toda boa ficção, simples assim. Apenas para ver as bandas que até hoje eu admiro. That is it!


            Porém, hoje, um pouco mais idoso e avaliando como o mundo se comporta, pensaria duas vezes. Quem sabe assistiria pela televisão. Naquele gigantesco evento, realizado exatamente 11 anos antes d´eu vir a aparecer neste planeta, os pensamentos eram outros, distintos, quem sabe, mais verdadeiros. Aquela antiga trilogia do rock, mas que bem citarei. Mudaram-se os conceitos, as leis, os eventos, os ideais.

            Dificilmente daria aquele recado aos meus velhos. Bater a porta e seguir mundo afora, sem rumo, deixo para os escritores de livros, para os diretores de cinema, os roteiristas, enfim. Apenas fecho meus olhos e imagino, por uns segundos apenas, isso. Mas no fundo, nem me permitiria. Quando é algo que queremos, por vezes, não calculamos as conseqüências, enfim, coisa de criança.

             Mas hoje em dia, com os dias se aproximando, mais uns poucos safados dias que não passam para minha tão esperada filha nascer, ficaria **** caso ela chegasse e me dissesse aquela expressão da terceira frase do primeiro parágrafo. Nem pintada de rosa e com a voz dengosa de filha amada e querida. Quando o Brasil deixasse de lado a corrupção e vivêssemos honestamente e em segurança, eu, quem sabe, deixaria.

            Claro que os pais não colocam os filhos para eles mesmos, mas para o mundo. As pessoas pertencem ao mundo, não à um ou à outro. Mas, quando podemos tentar escolher o melhor para alguém, independente de quem seja, o faremos. São todas suposições da minha ansiosa mente. Apenas tento me colocar como filho, pois sou filho também, nos últimos meses com estas palavras e neste espaço.

            Sou filho e terei uma filha. Como filho, deu dores de cabeças aos meus velhos (mas não muitas). Quando se é pequenino, tudo é possível, tudo é fácil e nada custa. Tudo é de graça. “Paiê, me dá isso. Manhê, quero aquilo. - Não dá filho! Buááááá!” Não era assim com você? Mas, hoje, sabemos que não é bem assim. Nem nunca foi. Quem sabe estejamos num lugar com muitas pessoas. E pessoas são os piores seres vivos.

            Somos a única espécie que mata por dinheiro, rouba por diversão, come o que não precisa, joga fora comida, chuta o mendigo, bate na mulher e ouve pagode, sertanejo e bandinha. Palamordedio. Vivemos em um mundo inseguro e não queremos que, quem amamos, sofra algo na rua ou passe por dificuldades. A superproteção é inerente a vontade, ao desejo da liberdade do outro. Egoísmo.

            Convenhamos, não desejo cercar minha filhas por todos os lados e deixar a vida como um círculo fechado. Limites, são úteis e devem fazer parte. Contudo, onde é este limite? Onde inicia e onde finaliza? O que é bom pra mim é bom pra ela? O meu certo é o mesmo do dela? Como o exemplo inicial, do “estou indo”, quem sabe a minha alegria, possa ser a tristeza dela e vice-versa. Porém, se me convidar, irei junto...

Ouvindo: With A Little Help From My Friends do Joe Cocker. 

Nenhum comentário: