terça-feira, 2 de outubro de 2012

O tempo

** Coluna publicada na edição do dia 21 de julho de 2012 no Diário do Meio Oeste. **


Ouvindo: Time do Pink Floyd.

Quanto tempo o tempo tem? Alguns filósofos afirmam que são as pessoas que fazem o tempo. Cientistas atestam que o tempo é um cálculo controlado pelo Tempo Universal Coordenado, baseado na rotação da Terra e corrigido pelos relógios atômicos. Os dois relógios atômicos brasileiros usam Césio 133 e estão no Observatório Nacional, no Rio de Janeiro. O tempo, aqui, é diferente do tempo no Japão.

Aqui é dia, lá é noite. Caso for viajar, deve acertar o tal do relógio biológico. Leva uns dois dias até acertar os ponteiros brasileiros com os japoneses; não o relógio do pulso, mas o biológico. Durante a palestra da manhã você já estará bocejando. O tempo não espera ninguém. Ano passado éramos mais jovens; amanhã já seremos mais velhos. Piada? Quem sabe!

O tempo passa e não avisa. Não olhamos os sinais dizendo que o tempo está passando. Apenas notamos quando olhamos para o relógio. E quem não o tem? O tempo é importante para quem não se preocupa com o tempo? Provocação sobre a importância de alguns números em nossas vidas. Levei poucos meses para me preparar para algo que não era preparado havia 30 anos. Aliás, ainda estou despreparado. Rugas!

Passarão vidas até me preparar. Apenas a mãe se prepara. Ou o tempo a prepara? O tempo é vital e tem peso exacerbado sobre nossa existência. Temos tempo para tudo. O tempo modifica, corrompe, cria, destrói, desmonta, aflige, afeta, aterroriza. Quanto tempo eu tenho de tempo ainda? Não sei e nem quero saber. Calcular quanto tempo tenho é algo que nem quero saber. Receio o saber.

Faz um ano que começamos um projeto diário. O tempo era nosso inimigo (ainda o é). Mas conseguimos contornar os números a trazer o que você precisa tomar ciência. Dividia o tempo entre começar a me imaginar como pai e com a correria do dia a dia. Os ponteiros fugiam, se dispersavam no vácuo gerado pelo tempo. Tudo parava. Tal qual o “pause” no filme antes do beijo do casal sofrido. Beija ou não?

No fundo tudo tem o tempo. Temos o tempo sob nosso domínio ou não? Até porque o tempo é feito por nós. Somos nós quem o vivenciamos. E o tempo passado foi bom? Ah! Foi sim, senhor! Os últimos 12 meses do tempo foram divinamente bons, proveitosos, iluminados e rápidos. Rápidos? Passaram voando como a águia em busca da sua presa. Vupt!



Nem vi o tempo me acenar. Quando vi, era o tempo batendo na porta e avisando do aniversário. Queria correr, mas não dava. Ele persegue onde for. Nem dormindo ele desiste. Lá está o relógio a despertar o momento em que o tempo não tem importância, nos sonhos.  O segundo do sonho durou uma eternidade. Desgraçado do pedreiro que me acordou com marteladas no prédio vizinho! Tempo em que o tempo não existia.

            Este tempo é rejuvenescedor como minha filha assim o me fez. Por mais que o tempo tenha passado em minha vida, olho para o novo e o tempo se desfaz. É com o sorriso da minha pequenina que o tempo desiste de me perseguir e some como o vento pela noite gelada. Some e vai gelar o vizinho. Enquanto isso, o meu coração se aquece com o lindo tempo do sorriso e da sua gostosa voz.

Ouvindo: Blood Brothers do Iron Maiden.

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