** Coluna publicada no Jornal Diário do Meio Oeste, dia 22 de setembro de 2012. **
Ouvindo: Wherever You May
Go do David Coverdale.
Professora
não é tia de ninguém. Professor também não. Aliás, deixa-me corrigir,
professora é tia apenas dos sobrinhos e tio da mesma forma. Não sei o motivo
que levam os pais a tirarem os educadores para tio e tia. Professor é educador.
Pode ser tio ou tia, mas fora da sala. Enquanto profissional, é professor. Não
sei qual o motivo que levou alguém, em um passado desconhecido, a nominar de
“tio e tia”.
Da
mesma forma como nominam o delegado, juiz, advogado, médico de doutor. Doutor é
aquele sujeito que estudou muito e finalizou o doutorado. E foi um caminho de
muito estudo até obter a aprovação da banca. O trabalho teve de ser feito com dedicação
e pesquisa até passar pelo crivo de gente muito crítica. O doutorado é o tal do
PhD, coisa difícil de se obter; requer muito estudo.
Sempre
há aqueles afirmando que não devemos mudar de hábito. Porém, a nossa cultura
muda. Muda a cada dia. Anos atrás usávamos papel e borracha para somar. Hoje,
são os computadores. As próprias calculadoras já estão sendo descartadas. Não
que o hábito ou a cultura sejam desnecessários. Pelo contrário, são importantes
para nossa vivência harmoniosa em sociedade.
Velhos
hábitos, como chamar o pai e mãe de senhor e senhora, por exemplo, é um hábito
que mantenho desde sempre. Não apenas comigo, mas muitos outros. Apenas
respeitar as pessoas, em suas funções, já é de bom tamanho, mas não
superdimensionar uma função ou cargo. Respeitar é bom, mas bajular já é
questionável. Apenas lembrei da professora da escola. Estudou para ser tia?
Apenas
pretendo colocar mérito para quem merece o mérito. Redundante? É para ser
mesmo. Mudar hábitos ou costumes sempre causa desconforto, mas, algumas vezes,
este desconforto se faz necessário. Deixa para chamar de tio ou tia o irmão do
teu pai ou mãe, e chama quem educa o filho de professor ou professora. Tenho
certeza que ela ou ele nunca disse nada, mas ficará bem feliz ao escutar esta
palavra.
Não
quero ouvir minha filha na escola chamando a professora de tia. Da mesma forma
não quero que ela me chame de “tu, cara, maluco, ô meu”. Um pai ou papai soaria
tão melhor. Sou antiquado com isso, um costume que não perdi. Mesmo com todas
as mudanças que são possíveis, algumas podem permanecem. Quem sabe me chame de
professor dentro de algum tempo, mas deixa chegar o momento.
Respeitar
os demais sempre é bom, até motivado pelo respeito que gostaríamos que nos
fosse dispensado. Não pelo cargo ou função que exerce, mas pelo respeito ao
próximo, seja quem for. É bom bonito e gostos de ouvir a educação das pessoas,
sentir a educação e respeito nas conversas, ver o respeito nas palavras e
ações. Não é pedir demais um senhor ou senhor e muito obrigado.
Lembro
que escutei uma vez alguém contar que o chamar alguém pelo nome funciona melhor
para abrir uma porta. Dizia ainda: tenta bater em uma porta e gritar qualquer
coisa. Dificilmente alguém abrirá. Mas
tenta chamar a pessoa do outro lado pelo nome. Ao menos, ouvirá outra pergunta:
“o que quer?”. Pode não resolver, mas funciona que é uma beleza.
Ouvindo: Falling In And Out Of Love da Lita Ford.
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