domingo, 17 de junho de 2012

Quase lá!


** Coluna publicada no dia 12 de novembro de 2011. Era para ser sequencial, mas uma que outra se perdeu na beira do caminho. Nem sempre conseguimos coletar tudo ao mesmo tempo, sentado no acostamento da estrada. **


Ouvindo: Mama I´m Coming Home do Ozzy Osbourne.

Por mais que queiramos ser independentes, não adianta fugir da teta da mãe. Mãe é mão e ponto final. Pai existe aos montes, mas mãe? Uma só. Podemos nos aconchegar no colo de um homem estranho e em poucos dias chamar de pai, porém, mãe, não tem como. Há as antigas mamas de leite, mas hoje, o leite da mãe, o peito, aquele alimento único e exclusivo, só na teta da mãe. E neste final de semana voltarei a ser criança e poderei “mamar”, ao longo dos meus 31 anos.

Calma! Não sou como Édipo, o qual matou o pai e casou-se com a mãe. Isso vem da mitologia grega.  Falo em “mamar” no sentido de puxar o saco, sentir o cheiro de ‘véia’, de abraçar, de afagar um pouco das saudades de quase um ano. Muitos como eu estão longe de seus mais queridos e amados familiares, iniciando pela Mamá. Vem descobrir um pouco mais de Videira e região e aproveitar para conhecer sua mais nova neta, a Sofia. Pois então, já decidimos o nome da nova cidadã brasileira.

Ainda falta um pouco de tempo, alguns três infindáveis meses, mas a nossa pequenina virá. Já tem pouco mais de um quilo e se revira ao longo do pouco, mas aconchegante, espaço que tem. Dá para ver aquela barriga lisinha, macia, carinhosa, trepidar com as estripulias da pequenina. Você que nunca teve, mas terá, não faz noção do que é ver aquela barriguinha meiga subindo e descendo em milésimos de segundo. É rápido demais, mas emocionante. Imaginar que em breve tempo terá um ser a mais para compartilhar a vida... pela vida toda.

E minha mãe, como a sua, passou por isso. Por isso que pai é ruim. Queria eu poder ter esta sensação... de a cada instante sentir se retorcer, mudar de posição, dar um bico na barriga (mas este sem doer). Mas mãe é mãe. Suporta-nos desde antes de começarmos a ser gente. Passam por momentos de muito enjoo, inchaço, engordam, comem mais. Porém, tudo isso é lindo de ver... de longe! Não sei se eu conseguiria suportar isso tudo. É coisa de mãe e não adianta. Poderia dizer de mulher, mas não, isso é de mãe.

E poderei sentir de novo o cheirinho único da minha “véia”, de ouvir sua voz, de sentir sua pele, de tomar café junto, de receber uns afagos (não que não os receba hoje). Entretanto, minha mãe é única e quase exclusiva. Divido-a com outras quatro irmãs e duas sobrinhas. E não me importo. Estes momentos que terei nos próximos dias não podem ser comprados com dinheiro algum. E nunca, jamais, poderão ser equiparados a qualquer outra sensação. Bom, como filho. Mas como pai, ainda estou por descobrir.

A ansiedade me arrebentou durante toda a semana. Ontem ainda mais. Sabendo que ela chegaria em poucas horas, fiz questão de arrumar a casa e dizer que sou um quase pai organizado e parceiro. Posso não ser o idealizado em sonho, mas tento. Até porque nesta fase a mãe não deve (e não pode) carregar peso, fazer força demais, coisas e tal. Que se vire o futuro pai. Pelo menos nisso não? Não sei se eu teria a disposição de carregar um bebê por tanto tempo. Pode parecer fácil e simples, mas não é.

Antes de chegar, eu já te amo. E te amarei... pelo resto dos meus dias, te amarei. Gostando ou não da minha face, da barba, dos meus gostos musicais, eu te amarei. Filha, sinto falta de ti, antes mesmo de chegar ao nosso meio. Mãe, isso é pra senhora... para minha mãe e para a mãe da Sofia. Com minhas desculpas antecipadas, pleitearei ser melhor filho e lutarei por ser o melhor pai. Com amor...

Ouvindo: Lick It Up do Kiss.

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