** Coluna publicada no dia 12 de novembro de 2011. Era para ser sequencial, mas uma que outra se perdeu na beira do caminho. Nem sempre conseguimos coletar tudo ao mesmo tempo, sentado no acostamento da estrada. **
Ouvindo: Mama I´m Coming Home do Ozzy Osbourne.
Por mais que queiramos
ser independentes, não adianta fugir da teta da mãe. Mãe é mão e ponto final.
Pai existe aos montes, mas mãe? Uma só. Podemos nos aconchegar no colo de um
homem estranho e em poucos dias chamar de pai, porém, mãe, não tem como. Há as
antigas mamas de leite, mas hoje, o leite da mãe, o peito, aquele alimento único
e exclusivo, só na teta da mãe. E neste final de semana voltarei a ser criança
e poderei “mamar”, ao longo dos meus 31 anos.
Calma! Não sou como
Édipo, o qual matou o pai e casou-se com a mãe. Isso vem da mitologia
grega. Falo em “mamar” no sentido de puxar
o saco, sentir o cheiro de ‘véia’, de abraçar, de afagar um pouco das saudades
de quase um ano. Muitos como eu estão longe de seus mais queridos e amados
familiares, iniciando pela Mamá. Vem
descobrir um pouco mais de Videira e região e aproveitar para conhecer sua mais
nova neta, a Sofia. Pois então, já decidimos o nome da nova cidadã brasileira.
Ainda falta um pouco de
tempo, alguns três infindáveis meses, mas a nossa pequenina virá. Já tem pouco
mais de um quilo e se revira ao longo do pouco, mas aconchegante, espaço que
tem. Dá para ver aquela barriga lisinha, macia, carinhosa, trepidar com as
estripulias da pequenina. Você que nunca teve, mas terá, não faz noção do que é
ver aquela barriguinha meiga subindo e descendo em milésimos de segundo. É rápido
demais, mas emocionante. Imaginar que em breve tempo terá um ser a mais para
compartilhar a vida... pela vida toda.
E minha mãe, como a
sua, passou por isso. Por isso que pai é ruim. Queria eu poder ter esta
sensação... de a cada instante sentir se retorcer, mudar de posição, dar um
bico na barriga (mas este sem doer). Mas mãe é mãe. Suporta-nos desde antes de
começarmos a ser gente. Passam por momentos de muito enjoo, inchaço, engordam,
comem mais. Porém, tudo isso é lindo de ver... de longe! Não sei se eu
conseguiria suportar isso tudo. É coisa de mãe e não adianta. Poderia dizer de
mulher, mas não, isso é de mãe.
E poderei sentir de
novo o cheirinho único da minha “véia”, de ouvir sua voz, de sentir sua pele,
de tomar café junto, de receber uns afagos (não que não os receba hoje).
Entretanto, minha mãe é única e quase exclusiva. Divido-a com outras quatro
irmãs e duas sobrinhas. E não me importo. Estes momentos que terei nos próximos
dias não podem ser comprados com dinheiro algum. E nunca, jamais, poderão ser
equiparados a qualquer outra sensação. Bom, como filho. Mas como pai, ainda
estou por descobrir.
A ansiedade me
arrebentou durante toda a semana. Ontem ainda mais. Sabendo que ela chegaria em
poucas horas, fiz questão de arrumar a casa e dizer que sou um quase pai
organizado e parceiro. Posso não ser o idealizado em sonho, mas tento. Até
porque nesta fase a mãe não deve (e não pode) carregar peso, fazer força
demais, coisas e tal. Que se vire o futuro pai. Pelo menos nisso não? Não sei
se eu teria a disposição de carregar um bebê por tanto tempo. Pode parecer
fácil e simples, mas não é.
Antes de chegar, eu já
te amo. E te amarei... pelo resto dos meus dias, te amarei. Gostando ou não da
minha face, da barba, dos meus gostos musicais, eu te amarei. Filha, sinto
falta de ti, antes mesmo de chegar ao nosso meio. Mãe, isso é pra senhora...
para minha mãe e para a mãe da Sofia. Com minhas desculpas antecipadas,
pleitearei ser melhor filho e lutarei por ser o melhor pai. Com amor...
Ouvindo: Lick It
Up do Kiss.
Nenhum comentário:
Postar um comentário