sexta-feira, 1 de junho de 2012

A ressurreição


** Coluna publicada no Diário do Meio Oeste, dia 14 de abril. **


Ouvindo: Mississipi Queen do Ted Nugent.

Mais do que outrora, vejo a alegria de ampliar minha rede social da vida. Quando pensamos em família, já paira em paisagens mentais aquelas velhas fotos de muita gente reunida, comida e bebida. Como tenho dois laços que recordam alemães e italianos, comida e bebida sempre estão presentes nestas películas da memória. E quanto mais melhor! Quanto mais gente e mais farta a mesa, mais tarde se volta para casa. 

A Páscoa foi assim: com minha rede social da vida ampliada. Um ser tão pequeno, de dois meses e poucos dias, sendo o personagem principal de um domingo alegre e chuvoso.  Poderia a mesa ter sido ainda maior, caso a distância não afetasse a vida profissional de alguns integrantes. Mesmo de longe, a reunião é celebrada, n´alguns instantes recordando do que se foram, celebrando os que chegaram.

Parece que o ano iniciou trazendo renovação. Mas já estamos no quarto mês? – perguntaria. Sim, correto e concordo. Mas a cada dia que nasce o sol, ou surge a claridade (em dias nebulosos), um ano novo urge das estranhas desta deliciosa vida. O que passou foi ontem o que futuro é agora, pois o amanhã ninguém tem certeza. Confuso, mas muito real. O aproveitar da vida mudou de concepção.

Acordar com um sorriso sem dentes todos os dias é revigorante. Contagia e emociona. Imaginar que todos os dias do resto da vida serão distintos, um do outro, apesar de os personagens serem os mesmos, é incalculavelmente estremecedor. Até ontem, programava-me para acordar, escovar os dentes, tomar banho, quem sabe um café, escovar os dentes de novo e trabalhar.

Voltaria para casa algumas horas depois, esquentaria alguma coisa para comer, faria um café e navegaria na internet. Havia a possibilidade de alguém ligar e convidar para algo, uma janta, um churrasco, uma cerveja, um papo. Mas largo tudo isso, por mais que me deixasse alegre, para ver um sorriso sem dentes todas as manhãs. De maneiras distintas, o sorriso e a forma de olhar são diferentes. Rotina nunca mais.


Quando avalio o que era ontem, via algumas datas em destaque. Do dia para a noite, surgiram, do nada, mais algumas. Filhos são alegrias para 97% das pessoas (há aqueles que teimam em não gostar, mas mesmo assim os têm) e custam. E quem diria que qualquer coisinha tão pequenina custe tão caro. Já olhava as roupas femininas: quanto menos pano, mais caro.

De uma forma lógica, quanto menor, mais barato; menor quantidade, mais barato. Para criança é tudo diferente. Como para mulher, menos por mais. Mas é bom demais. Ainda bem que o “Zé” não faz mais parte do meu dia a dia. Deixei a fumaça para outros. Não parei, mas ainda sigo tentando. Boa hora: está menor e mais caro também. Apesar de tudo, o céu segue lindo e as estrelas mais brilhantes.


Ouvindo: Take It Easy do The Eagles.

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