Ouvindo: Stairway to Heaven do Led Zeppelin.
Presentear o pai é mais fácil do que a mãe. Fui
visitar meu velho na semana passada e levar minha filha para conhecê-lo. Ela
olhou para um lado, para o outro. Sentimos o vento frio que percorria as ruelas
do lugar. Por dentro, emocionei-me ao vê-lo outra vez. Mesmo que apenas sua
foto na lápide, mas fiz questão de conversar com ele e apresentar a neta. O Dia
dos Pais já não é o mesmo. Neste já sou pai; pai e filho.
Foi meu presente, meu sorriso para o rosto dele. É cedo
ainda, mas não poderia deixar de dar um “Oi, pai!” e apresentar a minha filha.
Tenho certeza que, de onde está, sorriu. Não seria um corpo que separaria meu
sentimento. Onde o meu velho está, deve estar feliz. Caso esteja errado, deve
estar esculhambando o céu com as piadas sem graça ou dando trabalho para o
“coisa ruim”. Mas parado o cara não está.
A mãe nós a temos como imagem presente, já o pai na
necessidade da força e da brincadeira. Ambos têm fundamental importância: sem
um não haveria nós e sem o nós não haveria vida. O braço forte do velho já não
me suporta mais, mas a lembrança do que foi me conforta. Entristece, mas
conforta. Já não adianta reclamar ou lamentar o que foi, mas maravilhar-se com
o que chegou.
E chegou meu dia de emoção. Estou ansioso em saber o que
ganharei de presente. Ganhei meu primeiro presente do dia dos velhos na
segunda, na escola. Soa bobo, mas foi divino ver as imagens da minha filha no
telão da escola, com outros bobos ao lado. Era para os pais, mas as mães
estavam lá. Elas sempre estão. Metidas, sempre estão onde as crias estão.
Furtam a atenção. Mesmo assim, amei.
O meu rico tesourinho “se apresentou” divinamente. No
colo da mãe ou na imagem fotográfica estava linda. É minha filha, minha maior
traquinagem, meu maior tesouro. Neste Dia dos Pais, quero defender os futuros
pais que, como eu, gostariam de ficar mais perto dos filhos. Defendo a ideia da
licença paternidade de três mês, aos ínfimos três dias atuais. É muito pouco
tempo. Explico.
Um dia e pouco ficamos no hospital. Chegamos em casa. Mais
um dia e pouco perdidos em casa e já voltamos ao trabalho. Sobra para mãe,
sogra, nora, prima, cunhada ajudar nos primeiros dias com a mulher e a criança.
Somos substituíveis. E não deveríamos ter esta sensação. A mãe precisa de
ajuda, muito mais do que quando estava gestando. O pós-filho é muito mais
importante do que o pré-filho.
O pai precisa ajudar a cuidar do bebê, arrumar a casa,
lavar louças e roupas, varrer o chão, correr no supermercado ou farmácia, fazer
comida para a mãe/mulher, atender a porta, fazer sala para as visitas, passar o
café, preparar o chimarrão. Mas sabe por que o pai não faz isso? Porque está
trabalhando. Não pode ajudar a mãe no momento em que ela mais precisa, pois
está na rua.
O parlamentar que criou os três dias era apenas filho e não
queria ser pai. Criou a tão merecida licença para a mãe, mas esqueceu da
importância do pai. Quem sabe naquela época o pai não cuidava ou trocava
fraldas. Deixava apenas a mulher fazer. O pai moderno faz isso e muito mais.
Caso não o faz, deveria. Pai deve estar ajudando e não atrapalhando nesta
importante fase.
Tem pai que não é nem filho. Pai tem de estar junto do
filho, ajudar. Pode não estar junto da mãe, mas o filho tem de sentir a
presença do pai. A mãe deve permitir este momento ao pai que quer ser pai. Pode
não querer ser companheiro, mas ser pai deve. Pai não é marido, nem namorado.
Pai é quem cuida do filho. E isso o pai deve fazer. Ser namorado ou marido?
Bom, esta conversa é outra.
Ouvindo: Nothing Else Matters do Metallica.
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