sexta-feira, 2 de março de 2012

Nomes

Ouvindo: Push do Matchbox 20

Fico imaginando o quão complexo é escolher um nome. Caso já seja difícil nominar um gato (o gato animal), imagine um ser humano, uma pessoa. Isso tem de ser muito bem pensado, pois seguirá o fulaninho(a) pelo resto de seus dias, ou até que a Justiça o liberte desta praga imposta pelo pai (ou pela mãe). Convenhamos, concordo com nomes diferentes, mas maltratar o rebento é 'pacabá'. Os pais deveriam ser presos!

Posso afirmar isso com razão. Meu nome é diferente. Sim, bem diferente. Existem poucos no mundo. A parte boa é que nunca tem nome repetido na sala de aula. Distinguem-se os estudantes pelo sobrenome. Mas além de diferente, o meu é looongo. São cinco nomes que fazem parte do meu nome. Complicado? Não, orgulhoso. 


Meu velho, que já se foi para o além, quis seguir o que meu avô (e seu pai, consequentemente) fez: homenageou os dois avós e as duas famílias. Resultado: cinco nomes. Lembro como se fosse ontem quando as professores reuniam todos os estudantes do turno no pátio e começavam a chamar os nomes, para formar a turma. Para não dar erro, convocavam pelo nome completo.

Chegava a minha hora e ia a professora: “Iaran Antônio Iz...”. Nem terminava de dizer e já estava eu gritando para parar que eu era o único na escola e ponto. Assim economizava-se tempo. E todos os anos foram assim. Chegou um momento em que a professora, quase sempre a mesma, já ficava me procurando e apontava. “Iaran, tu vais ficar nesta turma”. Creio que era a 7ª ou 8ª série.

E já ia bem feliz, olhando pra ver se tinha carne nova na turma. Até porque, quase todos se conheciam e poucos eram os novatos na escola. Uma transferência que outra. Hoje nem sei se mais é assim. Tive colegas que nos conhecemos no maternal e fomos até o antigo 2º Grau. Sempre juntos. Já os nomes eram sempre conhecidos. Mas nome diferente causa estranheza e é motivo do atual bullying.

No meu tempo nem era bullying. Era uma encheção do capeta mesmo. O sujeito com nome estranho, basicamente o novato, era já taxado com algum apelido. Mas depois passava. Ou pior, ficava. Meu velho me chamava todo dia de algo diferente: negão, macaco, jacaré, o titular Neno, filho. Dependia da lua do veterano. Mas era carinhoso e sinto saudades, mas deixa papo triste de lado. Hoje eu gosto do meu.

Pensando bem, escolher nome é uma responsabilidade eterna. Tem de relevar não apenas o que o pai, a mãe, os tios, a família gosta, mas o que o filho(a) pensará sobre isso. Já não é mais permitido colocar nome feio nos filhos. Ainda bem. Porém, deveria ser permitido que o filho(ao), quando maior de idade, possa escolher seu próprio nome. Seria um nome temporário.

Na pior das hipóteses, contrariaria os pais, mudaria todos os documentos, revolucionaria os sistemas de informação, mas deixaria uma pessoa com nome estranho (por culpa do pai ou da mãe) mais feliz. Importante é ser feliz e deixar que sejam felizes. Isso é o que temos de dar aos filhos: o máximo de felicidade possível. O nome da minha filha já está escolhido e espero que ela goste, como eu já a amo.

Ouvindo: Black Days do John Sykes.

2 comentários:

Fla, disse...

Ela gostará. É um nome lindo!
Amo vc!

Fla, disse...

Ela gostará. É um nome lindo!

Amo vc!