quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Um pouco de Educação

** Coluna publicada no dia 16 de junho, no Jornal Dário do Meio Oeste. **




Ouvindo: Do You Remember Rock 'n' Roll Radio? Do Ramones.

Ramones é uma boa trilha sonora quando se pretende abordar a Educação. O maiúsculo diz respeito ao termo estritamente pessoal, pois deve ser respeitada a Educação.  Foi através deste grupo americano que o punk rock foi difundido aos variados ventos do mundo. Abordavam as peripécias juvenis e a derrubada de paradigmas políticos, sociais e até econômicos. Queriam levar diversão; de fato, levam até hoje em meu coração.

Debaixo das cobertas ouviam o rock and roll que as emissoras de rádios veiculavam. Escondidos dos pais, omitidos pela sociedade formal e Educada da época. Há sempre o que se discutir da Educação que nossos antepassados pregavam. Não vivemos mais na base do bofete ou da opressão, da minorização(em um caso de neologismo) dos filhos perante o respeito e a obediência. Respeitar é uma coisa, obedecer outra.



Minha mãe nunca foi de pedir muita coisa para os seus cinco filhos. Prestou uma Educação baseada no exemplo: não gritava, não soltava palavrões, era Educada e estimulava a leitura, o aprendizado. Lembro que, porém, detestada quando não ouvia o “senhora”. TU? Jamais.  A Educação não é apenas algo que vem de casa, de berço, mas se aprende. Educado e culto não são sinônimos. Ponto de vista discrepante, são até antônimos. Andam em caminhos próximos, mas distintos.

O Educado é o sujeito que respeita. Pode não concordar, mas respeita. Conheço doutor mal Educado e analfabeto Educado. E vice-versa, bem vice e muito versa. Escolaridade não é sinônimo de Educação. Pior é tentar usar da falta de “anos de escola” para pleitear a minorização(em outro caso de neologismo) da extrema falta de Educação. Vi (e confesso me senti envergonhado) um sujeito ser mal Educado com a maior autoridade do Estado.

Sem englobar a questão político-partidária, mas apenas a Educação, senti-me ofendido ao ver (e ouvir) o sujeito tratar o governador como “tu, cara, ô meu”. Creio que por muito menos um policial já tiraria algemas da cinta e o colocaria no camburão. Mas a Educação(política) do Chefe de Estado impedia qualquer comentário; apenas ouvir as lamúrias. Foi educado em escutar. Imagino que não quis penalizar os demais da sala. Por tratamento até melhor ‘dei de costas’ e fui embora do recinto.

Para destacar que escolaridade(anos de escola) não significam Educação. E não adianta tentar desculpar depois, pois repetiu a mesma mal Educação um dia e pouco depois. Fico triste de ver um vizinho tratar alguém desta forma.  Fico imaginando como trata o seu funcionário, o seu vizinho de porta, o seu cachorro. Educação pode não se aprender desde o berço, mas é fundamental para conviver, harmoniosamente, em sociedade.

O “senhor” ou a “senhora” soam tão bem, independente da idade de quem é o receptor. Podem vir com esculachos posteriores, mas soam tão bonito. A Educação de nossa vida adulta (ou juvenil) pode ser precedida de um pai e mãe Educados. Recordo muito bem como meu velho e saudoso pai cumprimentava minha avó(seus irmãos também o faziam): “a bênção mãe”, e beijavam a mão da mãe. Gesto bonito; antiquado, mas bonito.

Com a gripe beirando nossa porta, beijar a mão já não serve, tampouco a fase social em que vivemos. Não vivemos mais em monarquia. Não aqui no Brasil. Mas ensinar um bocadinho (bem inho) de Educação é o mínimo que podemos fazer. Pai e mãe não são apenas quem colocam no mundo (esperando pelo professor). Melhor os pais Educarem a deixar que o mundo o Eduque. Nem sempre pensamos da mesma forma como o mundo age. Filha, compreenda que Educar não é maltratar.

Ouvindo: Pride and Joy do Stevie Ray Vaughan. 

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