** Coluna publicada no Diário do Meio Oeste do dia 15 de setembro. **
Por Iaran de Oliveira
Ouvindo: Sun do John
Lydon.
Desde
que os nossos antecessores (muitos deles vivos) decidiram que o Brasil teria o
Presidencialismo como Sistema de Governo, através do Referendo de 1963, queriam
que a democracia fosse levada a cabo, ou seja, que o cidadão pudesse escolher,
de forma livre, os seus representantes legítimos. Em outubro próximo,
exatamente no dia 7, iremos às urnas
para o exercício de um poder que só nós, cidadãos eleitores, temos: o de votar.
A
Democracia não pode ser entendida apenas como o direito de votar em que
preferir, mas sim, ter a oportunidade de participar, opinar, sugerir, torcer,
vibrar, desejar, querer e fazer. Contudo, isso tudo de forma livre, sem
prejudicar este ou aquele. No artigo 3º da nossa Constituição Federal(CF) está escrito:
“I - construir uma sociedade livre, justa e solidária”. A expressão livre,
contudo, seguindo o próprio entendimento jurídico, não é absoluta ou o “fazer o
que quiser”.
Estamos
em dias tensos, quentes. Afloram nos cidadãos os anseios pela vitória (ninguém
gosta de perder) de um determinado partido ou candidato. Porém, como ocorre a
cada dois anos (oscila entre escolha de prefeitos e , depois, presidente e
governadores) as eleições ocorrem; E PASSAM. Este período de campanha é
passageiro, tal qual o pleito. Todo campeonato tem início, meio e almeja o
final (poucos os que pararam no meio do caminho). Iniciam e terminam.
O
que isso quer dizer? Quero dizer que as eleições passam. Mas a eleição não deve
ser motivo de guerra, de briga, de criar inimizades, travar debates homéricos
em mesa de bar, brigar com o vizinho, atravessar a rua motivado por tal
candidato no mesmo caminho. Deve ser um momento para analisar, pensar,
refletir, planejar o nosso (teu e meu) futuro.
É momento de avaliarmos bem quem queremos que nos represente. Isso é o
que se pretendeu quando definiram nosso Sistema de Governo.
As
eleições passam, mas as pessoas ficam. Estar no poder é passageiro. É por um
período. Há a possibilidade de seguir
sim; com nova opção do eleitor. O pleito passa, os gestores passam, mas as
pessoas ficam. As p-e-s-s-o-a-s! E é isso que deve prevalecer: a pessoa, o ser
humano. Não podemos privilegiar a discórdia, a briga, a insensatez, a raiva, a
inimizade. Devemos lembrar que este tempo passa, tal qual um temporal. Os
políticos vem e vão, mas as pessoas ficam.
Quando
nosso time é derrotado pelo time do amigo não é motivo de briga. Do contrário,
durante o jogo torcemos, conversamos, vaiamos, comemoramos e, no final, saímos
abraçados. A vida prossegue. O jogo acaba, mas as pessoas continuam. Nós
seguimos. No próximo, quem sabe, seja o momento de nós vencermos, do amigo rir
e o ciclo continua. Não podemos deixar que esta Democracia, a liberdade de
escolha, possa interferir na nossa relação de amizade.
Estamos
em período eleitoral, mas para decidir nosso futuro. Não estamos em uma guerra,
lutando pela vida. O que quero exprimir é que as pessoas não devem criar
inimizades apenas por convicções políticas. Cada um decida, opte, escolha,
defina. Não se pode deixar que integrantes equipes distintas deixem de se
olhar, de se falar, de se cumprimentar em razão de uma escolha. Mesmo que de
times diferentes, o desejo é que a Democracia prevaleça; o sol nascerá
novamente amanhã.
Não
quero ensinar a minha filha a virar o rosto para um colega, pelo simples fato
de o pai ou mãe gostar de sertanejo ou de pagode, ou de bandinha, ou de
eletrônico. Não gosto, é fato, mas isso não pode interferir na relação entre os
dois. Quero que ela seja livre, respeite o colega. Que respeite o colega pela
opção que ele ou seus pais fizeram. De verdade, quero caminhar no dia 8 e
cumprimentar aquele que me excluiu do Facebook, voltar a apertar sua mão;
sorver uma chávena de café juntos. Viveremos!
Ouvindo: Sunday Bloody
Sunday do U2.
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