sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A educação de meu pai



Ouvindo: Desperate People do Living Colour.


Quando crianças, somos incentivados a aprender. Incentivados ou obrigados. Faz parte do nosso contínuo desenvolvimento como ser humano, como gente, como cidadão. Quando mais velhos, tudo o que aprendemos - grande parte de nossos pais - já não serve mais como parâmetro. O mundo muda nossas atitudes a cada instante. Quem sabe aceitamos estas mudanças, consciente ou inconscientemente.
Isso me leva a repensar sobre o que aprendi, o que aprendo e o que ensinarei. Até porque esta é uma grande preocupação que tenho. Será que o que me foi ensinado valerá para daqui alguns anos? Da forma como me ensinaram será suficientemente salutar para aquele ser que, quiçá, servirei de exemplo? Algumas ações sim, outros quem sabe, outras, porém, não.
Muitos de vocês devem ter começado a vida e até seus 10, 13 anos, recebendo a educação de: filho(a), você é o primeiro a obedecer e o último a falar! Ai de quem dissesse: mas eu...! Pode ter certeza que seria um cascudo ou, no mínimo, você e o quarto. Mas será esta mesma a educação que devo repassar? Depois de “grande”, aprendi que respeitar é fundamental, mas obedecer nem tanto.
Não terminei ainda, mas estava pensando em um filme que vi ontem: A Árvore da Vida. Trata do relacionamento de pais e filhos. A mãe superprotetora (como a maior parte o é) e do pai rígido (carrancudo e querendo que os filhos sejam, no mínimo, como ele). Um dos filhos morre e a tristeza impera. Até esta parte é compreensível a tristeza e o abatimento. Mas, os filhos crescem.
Um deles, o mais velho, é quem sempre foi “ensinado” a ser o melhor em tudo – até que o próprio pai - e, com razão, acabava sentindo um certo ciúme dos irmãos. Passados anos, o mesmo filho se torna um cara de extremo sucesso, certamente recebendo louros do pai. Porém, algo o persegue: a tristeza. Passa a viver pensando que foi culpado pela morte do irmão, sente um vazio gigante e a infelicidade o transtorna.
Muito deste sucesso foi motivado pelas forçadas tentativas do pai. Por um lado, obteve êxito o velho ao ensinar ser forte e ser o melhor entre todos. Mas não ensinou qual o peso que ele teria de carregar sobre as costas para obter tal sucesso. Volto a pensar sobre o que devo ensinar para minha filha. Passo uma inconstância entre alegria e angústia. A felicidade de ver o pezinho gordinho e a criança que crescerá.
Não é cedo demais para pensar e já estudar psicologia, psicopedagogia, educação infantil ou medicina. Quero saber de tudo, a fim de ensinar o que pode ser o melhor. Ou quem sabe estou me precipitando e deixando algo que deve vir com o tempo? Devo estar sempre perto para ajudar no que for possível ou deixar que se desenvolva sozinha? Uma dúvida que vem surge como pai e como filho.

Ouvindo: Carry on Wayward Son do Kansas. 

Nenhum comentário: