segunda-feira, 16 de julho de 2012

Um certo amor

** Coluna publicada em 12 de maio no Diário do Meio Oeste **


Ouvindo: Paint it Black do Rolling Stones.

Participei de uma palestra faz pouco e o ministrante foi provocativo a ponto de instigar uma reflexão sobre o que é o amor. Este substantivo masculino é o que podemos descrever de “algo complexo”. Uma definição, por si só, já é complicada. Como podemos, então, dizer que amamos algo se nem ao certo sabemos o que é? Até quis tentar uma analogia com a palavra “deus”, pleiteando uma reflexão no mesmo sentido, mas é difícil demais explicar algo que não sabemos o que, de fato, é.

Existem muitos amores. (Neste final de semana, um em especial, o amor com as mães). Comentário mesmo entre parênteses para não deixar de lembrar desta passagem importante para todos nós: recordar nossas mamás.  Existe este amor de mãe, de pai, de tio, de avô, de adolescente, de amigo, de adulto, de marido, de namorado, de amante, de fã, de fiel, de animais, de religião, de equipes esportivas. São muitos amores para um único 'substantivo masculino’. Será que isso quer dizer que o homem ama mais?

O que não faltariam são músicas, livros, poemas, contos, histórias que abordem esta palavrinha pequena, sem significado prático, mas tão falada, usada, escrita, prostituída. As teorias são muitas. Ninguém sabe ao certo o que é, mas mesmo assim imagina que sabe. Ou sente? Não poderia afirmar que o sei, pois não o sei, mas que amo eu amo! Tenho todos os amores possíveis e imagináveis (quiçá imaginários ou platônicos). Importante é que tenha o sentimento bom.

Mas o amor é ruim demais. É uma droga. É um entorpecente que deveria ser proibido pelas autoridades de saúde. Sim, pela saúde. Prejudica os movimentos do corpo, afeta a área psicológica, o raciocínio, a inteligência, os sentidos. Até mata. Quantos já morreram ou mataram por causa do amor? Mas, até hoje, os nossos legisladores não criaram uma regra sobre este criminoso chamado amor. Bom, como quase tudo que faz mal é bom, então, o amor se torna ‘legal’, bem no senso comum.

Que fiquemos todos bem “legal” com este entorpecente chamado amor. Ainda bem que não o cobram, pois apenas disso enriqueceria dois mundos. Todos amam, todos querem amar, todos querem amor. Mas qual amor? Caso pudesse escolher um amor, qual você escolheria? Todos são interessantes e agradáveis. Mas saber que apenas um poderia ter seu convívio diário. Difícil. Difícil é escolher. Pior ainda é quando nos obrigam a escolher. Nem sempre escolhemos o que o outro queria.

Melhor não dar chance ao azar e evitar que nos façam escolher. O amor não é certo; tampouco errado. Errados somos nós, tal qual somos os certos. O que eu quero mesmo é viver o que eu vivo, conviver com meu presente; o meu presente. O meu amor é tão grande quanto o meu imaginário. Tem nome e sobrenome. Queria ter descoberto isso bem antes - muito tempo antes. O meu amor por você, minha filha, não tem nome, mas existe sim. Pode ser o substantivo que for, mas eu o tenho. E para sempre!


Voltarei para onde me mandarem para estar com você, meu tesourinho. Passarei por quaisquer barreiras que esta minha vida terrena me impõe; voltarei para permanecer com você, onde estiver. Não sei se isso é o amor tão comentado, mas é o que desejo e farei, com todas as minhas forças e energias. E sei que sua mãe também o fará, com maior intensidade do que a minha. Para você, nossa nova mãe, Feliz 1º Dia das Mães, com o amor sem nome e sem definição, que, certo estou, temos por você.


Ouvindo: The Lord's Prayer do Siouxsie and the Banshees.

Um comentário:

Cor de Rosa e Carvão disse...

Que loucura que é o amor... Complexo e indeciso. Hora mata, hora dá vida, hora faz sorrir, hora faz chorar. E assim vai. Sôfrego por aventuras, tempestades e bonanças. Assim eu amo também.