domingo, 25 de novembro de 2007

Post 200


Ouvindo: Rainbows End do Camel. São 16h01.

Na sexta-feira, depois de algum tempo, fui mestre-de-cerimônias num evento de um Sindicato desta nova terra. E matei as saudades. Este tipo de apresentação sempre foi meu forte. Adoro fazer cerimoniais e sei que faço bem. Não sou de fazer festas ou alegrar a “comunidade noturna”. Sempre fui de algo mais sério. Sou, relativamente, um sujeito sério. Quem sabe até demais. Preocupado demais, sério demais. Queria conseguir viver pensando que tudo é uma festa, tudo é divertido. Saudades da minha infância que tudo era uma brincadeira. De um papel velho e rabiscado eu fazia um avião. De um lápis consegui fazer o eixo de um carrinho. A borracha eu dividia em duas partes e gastava ela até ficar arredondada. Já tinha “pneus e um eixo”. Encontrava uma madeira qualquer e fazia a base de um carrinho. E me divertia com isso tudo. Com lençóis e cobertores eu criava uma barraca na sacada da minha velha casa, onde eu e minhas irmãs nos criamos, em bom trecho da vida. Convidávamos os amigos para brincar junto. Do velho (e ainda sobrevivente) abacateiro da rua Minas Gerais surgia uma aventura de subir e descer. Como a árvore era alta pregamos alguns pregos grandes para servir como escada. De posse de um galho forte e grande, a árvore servia de base para o balanço feito com cordas do caminhão do meu velho pai e um pneu que conseguimos n´algum lugar que não recordo. Com as rodas de uma cariola (ou carrinho de mão) lembro bem que criei meu carrinho de lomba que tinha a possibilidade de “rodar” na rua e “cantava pneu”. Mas além destas, outras tantas atividades fazíamos quando crianças. Saudades do tempo em que tínhamos tempo para estudar, para brincar, para brincar mais, para estudar um pouco, brincar de novo e não nos preocuparmos com muita coisa não. Dividir brincadeiras com amigos e ficar em casa quando chovia. De sermos atendidos prontamente pela mamãe quando estávamos doentes, quando nos ajudava a colocar as roupas. Em obrigar-nos a tomar banho em dias frios, em trocar roupa suja, mas que era tão confortável mesmo suja. Tempos em que não precisávamos ficar pensando em como pagar contas no dia seguinte, em onde comprar comida, em ir trabalhar e ter de enfrentar um cliente chato ou chefe bravo. Tempos em que, relativamente, éramos mais felizes. Ou, pelo menos, menos preocupados e estressados. Tínhamos um colo e um abraço quando nos machucávamos; havia sempre alguém disposto a nos proteger e nos defender quando necessário.
Mas penso que, mesmo depois deste tempo passar, há quem nos protege. Mesmo que não sabemos ou não percebemos, sempre há alguém nos resguardando. Somos blindados por seres invisíveis, por forças ocultas. Mas não penso em querer saber que são eles. Importante é que “eles” nos cuidam e ponto final. Não quero saber como a luz chega até a tomada. Quero apenas que ela esteja lá e pronto. Nem quero saber como os porcos viram lingüiças, bacon, ou seja, o que for. Não quero imaginar como é feita a margarina ou como é cortada uma vaca ou depenada uma galinha. Apenas quero comer sem saber como chega até minha boca. Tenho certeza que viraria vegetariano se soubesse detalhadamente.
Nem tudo precisamos saber como surgem ou aparecem em nossas vida. Não precisamos e nem devemos saber. Há pessoas especializadas em tentar descobrir determinados mistérios da vida; mistérios religiosos, físicos, químicos, históricos. Deixemos que eles se preocupem e divulguem quando possível. Acidentes acontecem, pessoas se vão, outras aparecem, outras ainda desaparecem. Há ainda aquele que maltratam de forma consciente, outras que enganam, que mentem, que são vingativas, que apenas desejam mal ou que a inveja toma conta. Azar deles. Somos passíveis de erros, é lógico, mas há aquele erro premeditado. Aquela ação que sabe (e todos sabem) que é errada, mas mesmo assim a faz, a pratica. Faz com um, faz com outro e faz com outros futuros ainda. Mas se a diversão é boa, benéfica, tudo bem. Azar dos outros não? Caso pense que assim é certo, paciência. Quem somos nós para julgarmos atitudes, ações de outras pessoas? Mas tenho a certeza de que hora ou outra esta ação tornar-se-á maléfica. Bom agora, ruim depois. Tudo nesta vida tem a reação. Tem primeiro a ação. Posteriormente, a reação. É lei. Pode não surgir num breve momento, mas surge. E brota no momento inadequado. Faz aqui, paga aqui. Saudades da minha infância em que eu fazia algo errado e meus pais eram obrigados a ouvir as reclamações.
Este é 200º post. Bom número.

Ouvindo: Pressure Points do Camel. São 16h31.

2 comentários:

Anônimo disse...

...suas palavras me levaram a um texto de um poeta:

"Tudo o que é belo tende a ser simples. Afirmação generalizante? Não sei. O que sei é que a beleza anda de braços dados com a simplicidade. Basta observar a lógica silenciosa que prevalece nos jardins. Vida que se ocupa de ser só o que é.

Não há conflito nas bromélias, não há angústia nas rosas, nem ansiedades nos jasmins. Cumprem o destino de florirem ao seu tempo e de se despedirem do viço quando é chegada a hora. São simples."

Francisco também pensava assim... o santo. =))

Simplicidade... palavra pura, como as crianças e nossas lembranças desse tempo.

Um bjão "simples" pra vc!

Unknown disse...

Oi mano, bom lrembrar da infância de nao se preocupar com nada ne, viver aprontando e se divertindo...
Mas tudo tem sua hora ne...vamos aproveitar o presente pois ele tbm passa....
Te amu tenho saudades gigantes...
Boa noite te amu maninho