terça-feira, 20 de março de 2007

Um número apenas


Ouvindo: Detroit Rock City do Kiss. São 21h37.

Terminei faz pouco meu primeiro trabalho como universitário. Que correria. Mas creio que ficou bom. Ainda entreguei, pela net, antes do prazo expirar. Ensino à distância é algo novo para minha pessoa como muita coisa que vem acontecendo. Mas ainda tem coisas que não admito. Não que seja admitir, mas são `coisinhas` chatinhas, se é que me entendem. Mas enfim... Isso me faz apenas pensar em mudar, em agir diferente. Mas quem sabe um dia eu aprenda. Aprenda a conviver com atitudes, situações e fazê-las retornar em boas ações. Hoje o dia foi tranqüilo. O que me surpreende é como o ser humano, não generalizando, gosta de tragédia. Cheguei em casa bem contente, 'descansei' (tradução: dormi um pouco), e quando estava saindo do banho me ligam dizendo que tem morte em rodovia. Saio eu correndo com meus apetrechos, cabelo ainda molhado (escorrendo, na verdade), e rumo à RS453 onde tenho a informação de que houve um acidente com morte. Constatei o fato. Um ciganinho de, no máximo, 10 anos. * Notícia no link: http://ouve.com.br/site/noticias-interna.php?noticia=8712 * É triste ver um rapazinho que teria uma vida inteira pela frente ter sua existência ceifada por um motorista de caminhão imprudente e sem noção do que fez. Ele simplesmente fugiu do local após deixar um saldo de três ciganos feridos (dois com gravidade) e uma criança morta. Faço uma pergunta para mim mesmo: Será que ele conseguirá dormir depois de ler no jornal ou ouvir na rádio sobre o que fez e como agiu? Nem responderei. Cada ser humano age de uma forma. Ele deve ter tido os motivos dele para fugir. E jamais discutiria os motivos do motorista que causou aquela cena trágica e chocante. Mas voltando ao assunto, como me surpreende como as pessoas adoram ver sangue, pessoas mortas. Tragédia alheia, de uma forma simplória para expressar-me. Falei com um senhor que teve a capacidade de caminhar três quilômetros e meio para ficar olhando o gurizinho morto dentro do carro. Perguntei para ele porque estava lá e porque andou tanto para ver aquilo: "eu gosto disso", respondeu o senhor que beirava os 70 anos. Quase disse que ele seria o próximo a quem as pessoas iriam ver. Seja num caixão ou num local como aquele. Mas junto deste senhor existiam outras dezenas de curiosos. E eu que adoraria estar longe dali, noticiando um problema de rua ou uma campanha para ajudar pessoas carentes. Ver o sangue ainda quente, vivo, na nossa frente é horrível, penoso. Mas este é meu trabalho: preciso ver o que acontece para poder falar sobre ele no rádio. Passar a informação concreta e precisa. Com responsabilidade, diga-se de passagem. Mas este rapazinho é apenas mais um número desta nossa contabilidade de vidas que são perdidas com este trânsito destrutivo. Com este trânsito que não tem solução a curto prazo. Apenas teremos de somar mais e mais vidas, como a do jovem cigano, nos infelizes números da irresponsabilidade de nós todos, motoristas. Seja de moto, ou seja, de avião. Deus abençoe a família cigana do jovem rapazinho.

Ouvindo: Estranged do Guns N'Roses. São 21h57.

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