sábado, 28 de julho de 2007

Quero morrer...


Ouvindo: Closer to the Heart do Rush (uma versão clássica e rara de 1983 com violão espanhol). São 20h44.

Eu quero morrer! Sim, quero citar alguns dos motivos que me levam a pensar nisso. Eu desejo morrer, pois: estava indo ao trabalho e reclamava comigo mesmo do frio. Levantei a cabeça e avistara uma pequena índia próxima a ponte, que corta a cidade, com o nariz escorrendo e com um casaquinho apenas. Quero morrer, pois fui covarde de passar, ver aquilo e não fazer nada. Sinto-me impotente, incapaz, insensível de não fazer literalmente NADA para amenizar aquilo. Sairei daqui dentro de algumas horas, irei para minha casa e buscarei algumas peças que eu uso para deixar com ela. Ou com a mãe dela. Não sei. Apenas trouxe pra cá roupas que eu uso (e não são muitas), mas irei fazer isso por ela e por mim. Mas mais por ela. Dói ver isso e não fazer nada. Minhas roupas são maiores do que a pequena índia, mas podem auxiliar. Após avistar aquela cena, um tanto deprimente (no sentido correto da expressão) levantei a cabeça, senti o vento frio no rosto, parei de reclamar e respirei fundo. Vontade de morrer por ver e saber de tanta coisa absurda neste nosso mundo e nada fazer. Sei que muitos também nada fazem ou fazem pouco. Sou ciente que tomo algumas dores diariamente para amenizar a angústia ou dor de alguns que me surpreendem durante a semana e tento, de certa forma, auxiliar. Nada que divulgo, mas algo que faço "fora". E deixa-me feliz e momentaneamente contente. Já havia recolhido umas roupas para a pequenina índia da ponte semanas atrás, mas não sei se foi suficiente. Ruim é estar em uma terra onde poucas pessoas conheço e não poder pedir auxílio. Mas tenho de me conter nesta minha ânsia permanente de ajudar quem precisa. Mas faço de coração. Sou um sujeito egoísta sim. Mas sou um sujeito aberto também.

Queria poder pegar o mundo na palma da mão esquerda e com a direita arrumar tudo. Tirar a abundância de um lugar e colocar onde há necessidade do outro. Retirar uma pessoa ruim do meio de outras boas e colocá-las num outro ambiente melhor e mais propício para seu aprimoramento. Não matar nem excluir. Apenas implantá-la em um ambiente onde esta não contagiaria outras com sua maleficência. Poder pegar este mesmo mundo e assoprar as nuvens carregadas de chuva para onde há escassez de água. Poder jogar um pouco d´água onde há vulcões. Plantar árvores nas margens de rios. Poder colocar uma rolha nas empresas que soltam milhões de cm³ de fumaça, poluição e "encanar" tudo até o escritório do dono. Pegar, com um pinça, os poucos políticos honestos e bons deste país e coloca-los num lugar bom e sem pressão. Pegar com uma pequena pá de lixo os ruins e colocá-los no mesmo escritório onde há o dono da empresa que polui. Mas não os deixaria lá não. Depois ainda teríamos que nos incomodar. E pior é que suas famílias iriam ficar tristes e não resolver minha situação de ver um mundo melhor, mais feliz. Poderia retirar as pessoas que moram nas ruas (as que não gostariam, mas realmente não têm outra opção) e colocá-las em ambientes em que pudessem ter um pouco de esperança, de qualidade de vida. Queria morrer por não ser mais útil ao mundo.

Faço minha parte para nada de ruim deixar aos outros. Por mais que eu tente ser bom, acabo sendo ruim. Sei que nem sempre o bom é realmente bom no futuro. Num momento pode ser no outro quem sabe não. Mas eu me contento nesta felicidade surreal de quem tenho o "dom" de conseguir deixar algumas pessoas bem. Não sou ninguém (exceto pra minha mãe e minhas manas), mas sei que alguma colaboração, mesmo que insignificante, eu consiga prestar. Há um provérbio árabe que diz: "obtém-se mais facilmente algo quando não manifestamos pressa em obtê-lo". Peço desculpas ao árabe que citou isso em algum dia de nossa história, mas sou ansioso. Desde não sei quando a Tchetcha me diz que sou ansioso demais. Mas hoje estava vendo TV com a Sil e lembrei de uma passagem que ouvi uma vez na minha vida. Estávamos vendo o Animal Planet. Vi um cachorro tentando morder seu rabo. Ouvi uma determinada ocasião que um gato pequenino sempre corria atrás do seu rabo. A mãe gata via a cena sem intromissão. Até que um dia, depois de muito tempo, resolveu pedir ao pequenino o motivo d´ele correr atrás do rabo. Ele disse: "mãe, um amigo meu disse que quando conseguir alcançar meu rabo eu serei feliz!". A mãe gato respondeu: "Meu filho querido, nem sempre correndo atrás é que conseguimos nossa felicidade. Ela está sempre junto de você. Apenas abra os olhos e olhe ao seu redor. Olhe para todos os lados. Quanto mais você correr atrás de seu rabo, mais distante ele fica. E quando você parar e viver sua vida sem pensar apenas na felicidade, ou em correr com tanto furor atrás de algo (no caso, o seu rabo), este se afasta de você. Não que ele não queira ser seu, mas ele precisa de tempo. E perceba que quando você começa a viver e olhar para a frente, percebe que o seu rabo, está sempre com você, sempre perto."

Adorei que a Mill apareceu por aqui também. Não sou esnobe. Recordo de como conheci uma pessoa que sinto saudades, a Tatá. Chamei-a de chata por enviar mensagens chatinhas para a Jaque. E quando conheci, foi um "amor" mútuo. Um ser humano incrivelmente lindo por dentro e por fora. Foi o dia que adotei o meu Gatão preto. A impressão que temos das pessoas nem sempre são confirmadas. Por exemplo, eu. Quando você não me conhece pensa que sou meio doido. E quando conhece: confirma. Mas sou gente boa. Hahahahahahaha. Durmam bem.

PS: E um motivo para viver: eu acredito nas pessoas e acredito que verei ainda um mundo melhor. Sou um crente convicto da bondade das pessoas. Mesmo que teimem em fazer o contrário, sei que no fundo há algo de muito bom para dar ao mundo.

Ouvindo: Hide in the Rainbow do Ronnie James Dio. São 21h31.

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